Em breve:
A Paleoclimatologia e os indícios do clima do passado geológico

27 de agosto de 2024

A geologia das praias coloridas do Oceano Atlântico - Parte III - Mar Mediterrâneo e Mar Negro

Por Marco Gonzalez


Composição com 5 praias representando as cores (branco, preto, ocre, vermelho e rosa) encontradas nas areias das praias selecionadas nas margens do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro
(Adaptação das imagens utilizadas neste texto).

São descritas as principais causas geológicas das cores das areias de algumas praias coloridas banhadas pelas águas do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro.

Mar Mediterrâneo

O Mar Mediterrâneo desempenhou papel central na história da civilização ocidental, sendo importante rota para antigos mercadores e viajantes e, deste modo, facilitou o comércio e o intercâmbio cultural entre os povos da região. Conecta-se, a oeste, com o Oceano Atlântico através dos 14 km de largura do Estreito de Gibraltar, que separa a Península Ibérica, na Europa, de Marrocos, na África. É  limitado pela Europa e pela Anatólia, ao norte, pela África, ao sul, e pelo Oriente Médio, a leste.

Mede ∼4.000 km, de oeste a leste, desde o Estreito de Gibraltar até o Golfo de Alexandreta. Cobre uma área de ∼2.500.000 km² com uma profundidade média de 1.500 m. Seu ponto mais profundo é a Fossa de Calypso, no Mar Jônico, com 5.109 m de profundidade. Possui um grande número de ilhas, algumas delas de origem vulcânica.

Uma cordilheira submarina rasa (no Estreito da Sicília) entre a ilha da Sicília e a costa da Tunísia divide este mar em duas sub-regiões principais: o Mediterrâneo Ocidental (com uma área de ∼850.000 km²) e o Mediterrâneo Oriental (com uma área de ∼1,65 milhões de km²).

Localização dos limites do Mar Mediterrâneo (Adaptado de Solar System Scope).

História geológica

No Triássico médio, à medida que a Placa Africana (juntamente com a Placa da Arábia) realizava um movimento roto-translacional anti-horário em direção a nordeste, o Oceano Paleotétis, que separava Laurásia e Gondwana, era fechado. Um pouco antes, no Paleozoico superior, foi formado o Oceano Neotétis, considerado um ancestral do atual Mar Mediterrâneo Oriental. Pode-se considerar que a história geológica do Mar Mediterrâneo teve início no Mesozoico com a fragmentação do Pangeia e a formação do Laurásia e do Gondwana.

No Mesozoico superior e no Cenozoico, a Orogenia Alpina, com uma ampla linha de colisões, causou soerguimentos desde os Pirenéus, na Espanha, até às montanhas Zagros, no Irã. Estes episódios de dobramentos e subducção ampliaram o Neotétis no Oligoceno e Mioceno, enquanto as placas Africana e da Arábia colidiam com a Placa Eurasiana. 

Ainda no Mioceno, aconteceu a separação do Neotétis do oceanos Índico e Paratétis, dando origem ao Mar Mediterrâneo, como um grande golfo do Atlântico.

Neotétisoceano que existiu do Paleozoico superior ao Terciário inferior, ao norte do Gondwana e ao sul do Cimério. Sinônimo: Tétis.
Paleotétisoceano que existiu do Ordoviciano (ou Siluriano) ao Triássico médio, ao norte do Cimério.
Paratétisoceano (ou lago ou mar) que existiu no Mioceno superior, surgindo como um braço do Neotétis.
Cimérioestreita faixa continental que se separou da margem nordeste do Gondwana principalmente durante o Permiano e colidiu com a margem do Laurásia em algum momento entre o Triássico superior e o Jurássico superior (ou Cretáceo inferior).

Na história do Mar Mediterrâneo, merecem destaque a Crise de Salinidade Messianiana e a geologia das ilhas da Sardenha, da Sicília, de Creta e de Santorini, assim como da Placa Tectônica do Egeu.

A Crise de Salinidade Messiniana

Durante o Mesozoico e o Cenozoico, o canto noroeste da África convergiu em direção à Península Ibérica e elevou os cinturões das montanhas Béticas, no sul daquela península, e a Cadeia Rif, no noroeste da África. Foram criados os corredores marítimos Bético e Rif que passaram a fechar gradualmente a conexão entre o Atlântico e o Mediterrâneo. No Mioceno superior, esta conexão foi fechada de vez e o Mediterrâneo secou quase completamente causando um evento chamado Crise de Salinidade Messiniana que durou ∼630 mil anos.

Em razão do equilíbrio hidrológico negativo, no fundo da bacia do Mediterrâneo foram produzidas grandes quantidades de evaporitos. Foram depositados mais de um milhão de km³ de sal alcançando espessuras que ultrapassaram 3 km em alguns locais. As bacias das porções ocidental e oriental do Mediterrâneo se isolaram após a descida do nível do mar e passaram a evoluir separadamente, podendo inclusive ter entrado água doce, no lado oriental, proveniente do Mar Negro.

No início do Plioceno, abriu-se novamente a ligação com o Atlântico através do Estreito de Gibraltar. A chamada Inundação Zancleana jogou água oceânica na bacia praticamente seca do Mediterrâneo com uma vazão mil vezes maior que a do atual Rio Amazonas. Sedimentos foram depositados acima dos evaporitos e, em menos de dois anos, foi finalizada a Crise de Salinidade Messiniana. Passaram a existir zonas isoladas como se fossem "banheiras" em uma bacia fechada e o balanço hídrico se tornou positivo.

Localização do Mar Negro e dos mares (ou bacias) do Mar Mediterrâneo (Adaptado de Solar System Scope).

Localização de algumas ilhas do Mar Mediterrâneo (Adaptado de Solar System Scope).

A geologia da Ilha da Sardenha

Durante o Oligoceno inferior, a Ilha da Sardenha começou a se separar da massa continental europeia. Então, com a abertura da Bacia das Baleares, foi ativada uma zona de subducção e a atividade vulcânica foi iniciada com um ciclo do Plioceno-Pleistoceno no centro-oeste da Sardenha. A fase principal deste vulcanismo foi composta por brechas e lavas principalmente andesíticas, seguidas por produtos mais félsicos como tufos, lavas e ignimbritos. No restante do Mioceno, uma transgressão marinha com deposição de sedimentos, incluindo conglomerados, arenitos, argilas e calcários cobriu a maior parte dos afloramentos existentes.

O material vulcânico da Ilha da Sardenha apresenta grandes variações, desde depósitos de fluxo piroclástico, fluxos de lava e cúpulas. Estas rochas são principalmente dacitos e riolitos, com andesitos subordinados e basaltos muito escassos. As lavas riolíticas apresentam tufos porfiríticos e fluxo de cinzas. Estruturas de ignimbritos são encontradas nas cúpulas dacíticas e nas lavas riolíticas. Estas rochas são comercialmente conhecidas como "Traquitos da Sardenha" e costumavam ser extraídas em todas as províncias históricas, para serem utilizadas como pedra ornamental e de construção.

O norte da Ilha da Sardenha consiste em complexos migmatíticos intrudidos pelo Batólito Córsega-Sardenha, uma província plutônico-vulcânica com 500 km de comprimento e 50 km de largura. Suas rochas estão expostas desde o norte da Córsega até o sudeste da Sardenha. Este batólito surgiu no final do período Variscano, na fronteira entre o Gondwana e o sudoeste da Europa.

A geologia da Ilha da Sicília

No centro-oeste do Mediterrâneo, a Ilha da Sicília consiste em uma cunha de acreção de rocha carbonática do Mesozoico-Cenozoico que se desenvolveu ao longo da fronteira das placas Africana e Eurasiana. Representa um segmento que liga o orógeno Magrebides, no norte da África, aos Apeninos do Sul, no sul da Itália, através da cunha de acreção da Calábria. A porção da Ilha da Sicília acima do nível do mar e sua extensão submersa noroeste estão localizadas entre a Ilha da Sardenha e o Mar Jônico e parcialmente ao sul da porção centro-sul do Mar Tirreno.

Após a orogenia Alpina do Paleógeno, os principais movimentos de compressão neste setor do Mediterrâneo começaram no Oligoceno-Mioceno Inferior com a última rotação da região Córsega-Sardenha, no sentido anti-horário, e com sua colisão com a margem continental africana. Atualmente, a oeste da Calábria e dos Apeninos ocorre subducção para oeste, com profundidade de até 400 km, e vulcanismo cálcio-alcalino relacionado às Ilhas Eólias. 

A geologia da Ilha de Creta

A Ilha de Creta estava submersa no Oceano Tétis no Cambriano. Enquanto isto, sedimentos carregados por rios e ventos nas costas do Pangeia se misturavam a conchas de organismos marinhos. O Pangeia começou a se fragmentar no Triássico superior e, no Paleoceno, as placas da África, da Índia e da Laurásia colidiram forçando o fundo do Tétis a se elevar. Foram formadas cadeias de montanhas, como os Pirineus, o Cáucaso e o Himalaia.

A ponta nordeste da placa da África começou a colidir com a Placa Asiática no Mioceno inferior. No Mioceno médio, o Mar Mediterrâneo substituiu o Oceano Tétis e, simultaneamente, Creta e as demais ilhas do Mar Egeu se elevaram e formaram uma costa comum incluindo a Grécia e a Ásia Menor.

As águas do Mediterrâneo começaram a inundar o Egeu no Mioceno superior e teve início a delimitação das ilhas da região, sendo Creta uma delas. Um rifte se formou no Plioceno no mar próximo a Creta que, há 3 milhões de anos, já havia assumido sua forma atual. 

A maioria das rochas destas ilhas foram empilhadas no início do Oligoceno e no Mioceno, durante a subdução da Placa Apúlia sob o microcontinente Pelagoniano, após o fechamento do oceano Neotétis. A estrutura recente se caracteriza por metamorfismo de zona de subducção, por nappe tectônico e por falhamento normal rúptil. 

A geologia da Ilha de Santorini

A Ilha de Santorini (juntamente com Thira, Aspronisi, Thirasia, Palea e Nea Kameni) pertence ao Arquipélago das Ciclades e está localizada no sul deste arquipélago. A área das Cíclades é constituída principalmente por rochas metamórficas, como micaxistos, mármores, gnaisses, anfibolitos e xistos glaucófanos, além de rochas plutônicas.

As rochas vulcânicas da ilha de Santorini estão assentadas sobre uma crosta continental de 23 km de espessura constituída por gnaisses e micaxistos com granada. Estas rochas com idades que vão do Pré-cambriano ao Paleozoico, são sobrepostas por mármores e filitos do Mesozoico ao Cenozoico.

O vulcanismo de Santorini teve início há ∼650 mil anos com uma erupção que produziu riolitos com hornblenda, além de alguns riodacitos e andesitos de afinidade cálcio-alcalina. Há 550 mil anos, o magma começou variar de basáltico a riodacítico, houve escassez de hornblenda e então assumiu caráter toleítico a transicional toleítico-cálcio-alcalino. Há ∼360 ​​mil anos, a atividade vulcânica se tornou explosiva, com alternância de erupções plinianas e interplinianas. Neste período, houve pelo menos quatro eventos de colapso de caldeira associados a grandes erupções plinianas. 

Erupção plinianaerupção caracterizada pela ocorrência de violentas explosões vulcânicas com ejeção de gases, vapor d'agua e material piroclástico a grandes altitudes, eventualmente estratosféricas de mais de 10.000 m. Foi descrita pela primeira vez pelo romano Plínio o Jovem, no ano 79.
Atividade interplinianaatividade vulcânica caracterizada por eventos efusivos e erupções explosivas fracas.

A história estrutural recente do complexo das Cíclades teve início no Eoceno com a Orogenia Alpina, com um período de tectonismo compressivo dominante. Devido à colisão entre as placas Africana e Eurasiana no Mediterrâneo oriental, há ∼5 milhões de anos, foi formado o Arco Vulcânico do Egeu Meridional. Fazendo parte deste arco, a Ilha de Santorini é constituída por um complexo vulcânico ativo e tem a forma de um anel que circunda uma caldeira inundada.

A última das erupções violentas em Santorini, chamada Erupção Minóica, ocorreu há ∼3,6 mil anos, com 30-60 km³ de lava riodacítica sendo ejetada a partir da caldeira central. A maior parte de Santorini está coberta pelos produtos desta erupção. Após, no ano 197 aC, a atividade vulcânica subaérea foi retomada no interior da caldeira e continuou até tempos recentes.

Placa Tectônica do Egeu

A Placa do Egeu, na borda norte, possui limites divergentes com as placas Eurasiana e da Anatólia e se move para sudoeste a uma velocidade de 37 mm/ano em relação à Placa Africana. Esta placa, na Fossa Helênica, está em subducção sob a borda sul da Placa do Egeu.

Um processo extensional norte-sul é causado pelas acomodações devido (i) ao movimento relativo entre as placas do Egeu e Africana, (ii) ao movimento para sul na Fossa Helênica e (iii) ao movimento para oeste da Placa da Anatólia. Como parte deste processo são comuns importantes sismos na região. Ocorreram 29 terremotos com magnitude maior que 6 nos últimos 100 anos.

Principais placas tectônicas da região do Mar Mediterrâneo (Adaptado de NOAA e Alataristarion).

Principais placas tectônicas da região do Mar Negro (Adaptado de NOAA e Alataristarion).

Mar Negro

O Mar Negro, com área de 422.000 km², está localizado entre o sudeste da Europa e a Península de Anatólia. Situa-se ao norte da Turquia, ao sul da Ucrânia e da Rússia, a leste da Roménia e da Bulgária e a oeste da Geórgia. Liga-se ao ao Mar Mediterrâneo através da sequência de dois canais: (i) o Estreito de Bósforo, que o conecta ao Mar de Mármara, e (ii) o Estreito de Dardanelos, que conecta este último ao Mar Egeu.

Uma possível explicação para seu nome pode ser a elevada concentração de microalgas que torna a cor de suas águas mais escura que a de outros corpos d'água da região. O Mar Negro constitui a maior bacia meromítica do mundo. Como resultado, mais de 90% do volume de água mais profundo do Mar Negro não contém oxigênio.

Meromítico: diz-se do corpo de água onde as porções profundas não se misturam com as superiores que recebem oxigênio da atmosfera.

História geológica

A história geológica do Mar Negro está associada ao fechamento do Oceano Neotétis, sendo considerado uma bacia complexa entre as placas da Anatólia, da Arábia e Eurasiana. A região é controlada pela colisão destas duas últimas placas em meados do Mioceno. Houve geração de empuxo como resultado do regime compressivo que estende-se de leste a oeste.

O Mar Negro é formado sobre zona de subducção em bacia trás-arc consistindo em duas depressões: ocidental (do Barremiano médio do Cretáceo inferior) e oriental (do Paleoceno médio). Estas duas depressões, que apresentam diferentes características estruturais e estratigráficas, aglutinaram-se durante a fase pós-rifte, mas continuam sendo delimitadas por uma crista continental delgada situada na porção mediana do Mar Negro.

Apesar da origem extensional do Mar Negro, a maior parte de suas margens foram modificadas por deformação compressiva causada pelos cinturões montanhosos do Grande Cáucaso e de Gorni Crimea, localizados na Rússia e na Ucrânia, e pelo Arco Magmático Pontides.

Atualmente há uma compressão norte-sul com algum componente este-oeste sobre a região do Mar Negro, coerentes com movimento para oeste da Placa da Anatólia e com a deformação norte-sul do Cáucaso ocupando a maior parte do movimento da Placa Arábica.

Na história do Mar Negro, ainda é interessante tratar da conexão dele com o Mar Mediterrâneo e da Placa Tectônica da Anatólia.

Conexão do Mar Negro com o Mar Mediterrâneo

O Mar Negro e o Mar Mediterrâneo se conectaram no Holoceno e há três hipóteses sobre como este evento aconteceu:
  • Inundação catastrófica (ou "Dilúvio de Noé") ‒ Após o último Máximo Glacial, houve elevação do nível eustático do Mar Mediterrâneo em algum momento entre 8,4 mil e 7,1 mil anos atrás. O rompimento do Estreito de Bósforo pelas águas vindas dos mares Egeu (conectado ao Mediterrâneo) e de Mármara (conectado ao Egeu) teria acarretado alagamento de proporções bíblicas na região do Mar Negro, que era um corpo de água doce isolado. Uma discordância desta época ao longo da plataforma continental trunca a estratigrafia, afogando leitos de rios, deltas costeiros e dunas, dando indícios de uma transgressão marinha rápida.
  • Inundação progressiva (ou modelo de influxo gradual) ‒ Em 11 mil ou 10 mil anos atrás, o Mar Negro subiu acima da profundidade mais rasa do Estreito de Bósforo e teria começado a derramar suas águas no Mar de Mármara durante mil anos. Com a elevação do nível deste mar, um fluxo bidirecional (entre os mares Mediterrâneo, Egeu, Mármara e Negro), por volta de 8 mil anos atrás, teria causado progressiva inundação da região do Mar Negro. O surgimento de formações de sapropel no Mar Negro, aproximadamente 550 anos mais recentes que as do Mar Egeu, indicaria uma conexão não catastrófica. 
  • Saída do Mar Cáspio para o Mar Negro e para o Mar de Mármara ‒ O Mar Cáspio sobrecarregado teria causado várias e extensas inundação entre 17 mil e 10 mil anos atrás. Elas ligariam vários corpos de água lacustres e marinhos através de vertedouros, como Manych-Kerch (entre os mares Cáspio e Negro) e Bósforo (entre os mares Negro e Mármara), formando a chamada Cascata das Bacias Eurasianas. A necessária grande quantidade de água para isto poderia ter sido fornecida pelo derretimento do manto de gelo escandinavo, do permafrost, das inundações em vales de rios ou da combinação destas fontes.
Placa Tectônica da Anatólia

Numerosos eventos de subducção e colisão formaram a Placa da Anatólia. No final do Mesozoico e início do Paleógeno ocorreram metamorfismo, magmatismo e deformação seguidos por processos extensinonais no oeste, colisão no leste, ruptura e quebra da porção inferior da placa na região central e leste, além de exumação de rochas, vulcanismo e elevação de um planalto e de cadeias de montanhas. Este contexto está associado à convergência entre as placas da Arábia e Eurasiana.

A sedimentação de carbonato no Mioceno indica o fechamento completo de uma bacia marinha na região. Houve uma transição de uma transpressão regional aproximadamente norte-sul para uma compressão norte-sul que se acomodou por processos extensionais aproximadamente este-oeste também no Mioceno. Correspondendo ao vulcanismo na porção central e leste da Anatólia e à elevação das Montanhas Taurides, uma subducção sob a Anatólia causou rasgos e quebras no Mioceno médio. E, ainda neste período, foi formada uma zona de falha dextral no norte de Anatólia com mais de 1.200 km de comprimento.

Transpressãodeformação por combinação entre contração e cisalhamento simples direcional e ao longo do mergulho (empurrão) de zonas de cisalhamento, em diferentes proporções.

Neste contexto, no Mar Mediterrâneo e no Mar negro são encontradas diversas praias coloridas, como as que estão localizadas na próxima figura e descritas, a seguir, agrupadas pela cor da areia.

Localização das 14 praias coloridas, selecionadas neste texto, banhadas pelo Mar Mediterrâneo e pelo Mar Negro. Quanto mais clara a cor azul, menor a profundidade da água (Adaptado de Eric Gaba).

Referências:

Geologia do Mar Mediterrâneo (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Geologia do Mar Mediterrâneo (acesso em 2024): https://academia-lab.com 

Geologia da Sardenha (acesso em 2024): https://www.researchgate.net 

Geologia da Ilha da Sardenha (acesso em 2024): https://iris.uniss.it 

Geologia da Ilha da Sicília (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Geologia da Ilha de Creta (acesso em 2024): https://www.west-crete.com 

Geologia da Ilha de Creta (acesso em 2024): https://www.cretanbeaches.com

Geologia da Ilha de Santorini (acesso em 2024): https://www.researchgate.net1

Geologia da Ilha de Santorini (acesso em 2024): https://www.researchgate.net2

Geologia da Ilha de Santorini (acesso em 2024): https://ui.adsabs.harvard.edu

Geologia da Ilha de Santorini (acesso em 2024): https://www.researchgate.net3 

Placa do Egeu (acesso em 2024): https://thearmchairvolcanologist.com 

Mar Negro (acesso em 2024): https://www.newworldencyclopedia.org

Geologia do Mar Negro (acesso em 2024): https://etd.lib.metu.edu.tr 

Geologia do Mar Negro (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Geologia do Mar Negro (acesso em 2024): https://repository.lsu.edu

Placa da Anatólia (acesso em 2024): https://pubs.geoscienceworld.org 

Praias de areia branca

Praia de Ses Illetes

Localização: na península de Es Trucadores, no extremo norte da Ilha de Formentera, na província de Baleares (Ilhas Baleares), Espanha, banhada pelo Mar de Baleares.

Praia de Ses Illetes (Crédito: MrPepanos).

As Ilhas Baleares constituem a área emersa do chamado Promontório Baleares, com relevo maioritariamente submarino. Formentera, a quarta ilha do arquipélago em superfície (82 km²). tem a maior parte do seu substrato constituído por rochas carbonáticas do Mioceno Superior, cobertas por depósitos quaternários, principalmente de origem cárstica (argila vermelha de descalcificação) e eólica (areia de dunas e lodos eólicos)

A Praia de Ses Illetes, banhada pelo Mar das Baleares, está localizada no Parque Natural Ses Salines de Eivissa e Formentera. Seu nome (que significa algo como "praia das ilhotas") se refere a várias ilhotas encontradas neste trecho da costa: Illa de Tramuntana, Illa des Forn, Escull des Pou, Illa Redona e Escull d'en Palla.

Ses Illetes, com largura média de 6 m, estende-se por mais de 450 metros de costa em duas partes separadas por uma pequena área rochosa na parte central. O noroeste da Ilha de Formentera apresenta um relevo monoclinal inclinado para norte, constituído por rocha calcária recifal do Mioceno. Em direção à Praia Ses Illetes, o promontório local vai diminuindo gradualmente de altura até terminar numa ampla plataforma costeira. A cor branca da areia desta praia tem origem na rocha calcária da ilha.

Referências:

Geologia de Formentera (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Geologia de Formentera (acesso em 2024): https://www.researchgate.net 

Ses Illetes (acesso em 2024): https://www.formentera.es

Ses Illetes (acesso em 2024): https://www.inspain.org 

Praia Caló del Moro

Localização: no extremo sul da Ilha de Mallorca, na província de Baleares (Ilhas Baleares), Espanha, banhada pelo Mar de Baleares.

Praia Caló del Moro (Crédito: Tommie Hansen).

A Ilha de Mallorca, com área de 3.667 km², é a maior e mais central das Ilhas Baleares. No Mesozoico inferior, estas ilhas (ainda submersas) se juntaram à Península Ibérica. Isto aconteceu quando ainda eram parte emergente da porção leste do chamado Promontório das Baleares, uma extensão nordeste da Zona Externa da Cordilheira Bética.

As espanholas Ilhas Baleares, situadas ao largo da costa oeste de Espanha, são caracterizadas por rochas do Mesozoico, Paleógeno e Mioceno Médio afetadas por dobras e falhas inversas. Suas litologias carbonáticas, que ocorreram quase continuamente desde o Triássico Médio até o presente, produzem uma grande variedade de morfologias exo e endocársticas.

Exocarsteconjuntos de formas e processos cársticos que se desenvolvem na superfície..
Endocarste(1) porção subterrânea da paisagem cárstica, que inclui o conjunto dos vazios subterrâneos (preenchidos ou não por água), bem como as formas de dissolução e deposição existentes; (2) conjunto de formas e processos cársticos que se desenvolvem em profundidade, abaixo da superfície cárstica.

Assim, grande parte de Mallorca é constituída por rocha calcária que deu à ilha uma configuração com desfiladeiros e cavernas. Para uma ilha mediterrânica, Mallorca é invulgarmente fértil e verde com paisagens naturais diversas, desde as altas montanhas da Serra de Tramuntana, a oeste, até às planícies agrícolas no seu centro fértil. 

Na região da Praia Caló del Moro (ou Caló des Moro, em Catalão), uma espessa cobertura de depósitos carbonáticos se formou e se estende ao redor de cordilheiras dobradas. Esses depósitos incluem um complexo de recifes onde ocorre a maioria das cavernas do litoral da ilha. Estas rochas são a origem da cor branca da areia de Caló del Moro.

Referências:

Geologia de Mallorca (acesso em 2024): https://www.seemallorca.com

Geologia de Mallorca (acesso em 2024): https://www.researchgate.net 

Praia dei Conigli

Localização: na Baía dei Conigli, no sudoeste da Ilha de Lampedusa, uma das Ilhas Pelágias italianas, banhada pelo Mar Mediterrâneo.

Praia dei Conigli (Crédito: Figiu).

A Baía del Conigli, com sua área de areia de 4,4 ha, foi nomeada pela primeira vez em 1824 como "Baía Rabit" pelo almirante da marinha britânica Sir William Sidney Smith (1764-1840). Acredita-se que Smith estivesse pensando no termo árabe "rabit" ("que liga") para fazer referência ao istmo que raramente se forma ali entre uma ilhota próxima e a Ilha de Lampedusa. O termo foi traduzido erroneamente como "conigli" ("coelho") e a ilhota, a baía e a praia locais passaram a ser conhecidas por este nome. Há também uma lenda sobre coelhos que ficaram presos quando o istmo desapareceu, mas é bem provável que seja realmente uma lenda.

A região da praia dei Conigli é caracterizada por falésias, terraços marinhos e grutas, que sofrem com intensa erosão. A estratigrafia da Ilha de Lampedusa, do Mioceno médio-superior, apresenta de baixo para cima uma sucessão de calcarenitos e calcirruditos, calcilutitos, calcários margosos e margas.

Calcarenitoarenito composto por grãos de areia de carbonato calcítico.
Calcirruditocalcário composto predominantemente por fragmentos carbonáticos maiores que tamanho areia (maior que 2 mm de diâmetro) e frequentemente cimentados por calcita.
Calcilutitocalcário composto predominantemente por calcita microcristalina (lama calcária).

Os sedimentos desta região têm sua origem:
  • na erosão da encosta a montante, com clastos calcários e uma mistura de resíduos insolúveis, além das areias saarianas trazidas pelos ventos do Siroco;
  • na erosão das falésias próximas à praia, quase exclusivamente clastos calcários, além de uma quantidade mínima de clastos margosos; e
  • na desintegração das conchas dos atuais organismos marinhos (quase inteiramente calcíticos e aragoníticos).
Devido a esta origem, a percentagem de calcário total situa-se normalmente entre 85% e 100%, classificando estes sedimentos como areias calcárias. Esta composição dá a cor branca á areia da Praia dei Conigli.

Referências:

Praia dei Conigli (acesso em 2024): https://www.isoladeiconigli.it

Praia dei Conigli (acesso em 2024): https://www.ocean4future.org 

Praia de Bolata

Localização: na Baía de Bolata, na costa nordeste da Bulgária, na região costeira de Dobrudzha, banhada pelo Mar Negro.

Praia de Bolata (Crédito: Dimitar Bachvarov).

A Baía de Bolata é constituída por um estuário pantanoso e uma praia arenosa, rodeada por falésias costeiras calcárias de até 70 m de altura. Nesta falésias são encontradas inúmeras cavernas de diversos tamanhos. A rocha calcária aflorante pertence à Formação Odartsi, onde são encontrados os foraminífera Nubecularia novorossica.

Esta rocha faz parte dos Calcários da Bessarábia, que tem sua origem no Paratétis Oriental, constituinte da Bacia Euxiniano-Cáspio que estava situada no nordeste da atual Bulgária durante o Mioceno. Os calcários da Baía de Bolata são arenosos, conchíferos e brancos. É daí que se origina a cor da areia da Praia de Bolata.

Referências:

Geologia da Baía de Bolata (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Geologia da Baía de Bolata (acesso em 2024): https://bgd.bg 

Praia de Agiba

Localização: no município de Marsa Matruh, na costa norte do Egito, banhada pelo Mar Mediterrâneo.

Praia de Agiba (Crédito: Roland Unger).

A região de Marsa Matruh é caracterizada por grande diversidade de relevos costeiros, como dunas de areia, baías e cabeceiras. Próximas à Praia de Agiba, são encontradas as cabeceiras Umm El Rakham (a sudeste da praia) e Abu Laho (a noroeste), ambas causadas por dobramentos com eixo nordeste. O papel de ondas e correntes litorâneas é forte no desenvolvimento deste litoral, enquanto o efeito do vento é observado principalmente na área de dunas.

As rochas expostas na região de Marsa Matruh são predominantemente do Pleistoceno com três formações principais constituídas por calcário rosa, com espessura média de 10 m, por calcário rico em conchas, com espessura média de 20 m, e por calcário oolítico, com espessura média de 20 m. Acima destas rochas, ocorrem formações do Holoceno compostas por crostas calcárias, por depósitos locais na superfície do planalto do Mioceno e por depósitos fluviais e costeiros.

A Praia de Agiba, com ∼2 km de extensão e 1 km de largura, tem seu nome derivado do árabe "عجيبة", que significa "maravilha". É conhecida pelas águas azuis cristalinas, pelas formações rochosas e pela areia branca. A cor de sua areia tem origem na erosão das rochas locais.

Referências:

Praia de Agiba (acesso em 2024): https://vlog-tours.com

Geologia de Marsa Matruh (acesso em 2024): https://jfafu.journals.ekb.eg 

Praias de areia preta

Praia de Stehat

Localização: no município de Stehat, no norte de Marrocos, banhada pelo Mar de Alborão.

Praia de Stehat (Crédito: Jodal Rachid).

O Mediterrâneo Ocidental passou por uma evolução complexa associada à tectônica alpina, principalmente no início da subducção da Placa Africana sob a Eurasiana. No extremo mais ocidental do Mediterrâneo, a orogenia alpina moldou o arco de Gibraltar, nas proximidades da Bacia do Alborão. As unidades internas desta orogenia estão principalmente incluídas no Domínio Alborão, um domínio litosférico alóctone. Ele afetou rochas sedimentares do Mesozoico e do Terciário das paleomargens continentais dos atuais sul da Península Ibérica e norte de Marrocos.

Como resultado desta evolução, porções do manto litosférico subcontinental agregou-se às unidades crustais da região, que estão expostas nos complexos peridotíticos de Ronda (no sul da Espanha) e Beni Bousera (no norte de Marrocos).

A Praia de Stehat está localizada nas proximidades do Complexo Peridotítico de Beni Bousera, uma cobertura orogênica bem preservada. É composto por peridotitos dos tipos lherzolito, harzburgito e dunito, com grande quantidade de diques de piroxenitos. A cor escura da areia da Praia de Stehat tem origem nestas rochas.

Lherzolitoperidotito com 40 a 90% de olivina e clinopiroxênios (diopsida, hedenbergita, augita), além de diversos minerais acessórios, como hornblenda, granada e espinélio.
Harzburgitoperidotito com 40 a 90% de olivina (forsterita) e ortopiroxênios (enstatita , bronzita ou hiperstênio)..
Dunitoperidotito com 90% ou mais de olivina, sendo o restante possivelmente constituído por piroxênios (orto e clino), espinélio (cromita) e por vezes anfibólio, biotita e granada.

Referências:

Geologia do norte de Marrocos (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Geologia do Mediterrâneo Ocidental (acesso em 2024): https://watermark.silverchair.com

Praia Valle Muria

Localização: na costa sudoeste da Ilha de Lipari, na província italiana de Messina, banhada pelo Mar Tirreno.

Praia Valle Muria (Crédito: Ghost-in-the-Shell).

Lipari, com 38 km² de área, é a maior ilha do Arquipélago das Eólias. Estas ilhas representam um sistema de arco do Pleistoceno com origem relacionada à abertura das bacias do Tirreno (ou Vavilov, há ∼5 milhões de anos) e Marsili (há 2 milhões de anos). As Eólias constituem um alinhamento vulcânico inserido no contexto de processo de rifte que afetou a parte leste da Sicília e da Calábria, na Itália.

A história vulcânica de Lipari abrange duas fases separadas por longo período erosivo conglomerático. A primeira fase pré-erosiva, anterior a 42 mil anos atrás, é caracterizada por derrames basálticos, andesítico-basálticos e andesíticos. Nesta fase surgiu o Monte Santo Angelo há 127 mil anos. Este estratovulcão, com atividade hidrovulcânica predominante, está localizado na porção central de Lipari, ao norte da Praia Valle Muria.

Entre 42 e 22 mil anos (no chamado Período Valle Muria), o vulcanismo ficou centrado principalmente na metade sul de Lipari, incluindo a Praia Valle Muria, com rochas piroclásticas e cúpulas riolíticas, sistematicamente alternados por ciclos de "Tufos marrons".

Tufos marrons (tufi bruno ou brown tuffs)depósitos vulcânicos piroclásticos a shoshoníticos, todos ricos em potássio e de cor marrom.
Shoshonitotraquiandesito com fenocristais de olivina e augita em massa de labradorita com bordas de feldspato alcalino, olivina, augita, pequena quantidade de leucita e algum vidro de cor escura.
Traquiandesito: rocha vulcânica de tonalidade cinza, composta por plagioclásio (oligoclásio, andesina), feldspato alcalino (ortoclásio, sanidina), podendo ter biotita, augita, hiperstênio, hornblenda, quartzo ou olivina.

Valle Muria é uma praia longa e estreita, com pequenas grutas esculpidas em tufo vulcânico originário do Monte Santo Angelo, de onde herdou a cor de sua areia preta.

Referências:

Praia Valle Muria (acesso em 2024): https://www.beachatlas.com

Geologia de Lipari (acesso em 2024): https://www.alexstrekeisen.it 

Geologia de Lipari (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Praia de Perissa

Localização: ao sul da Montanha Mesa Vouno, na costa sudeste da ilha grega de Santorini, banhada pelo Mar Egeu.

Praia de Perissa (Crédito: Norbert Nagel).

Detalhe da areia da Praia de Perissa (Crédito: Zureks).

Mesa Vouno, com 369 m de altitude, é uma montanha de basalto e calcário situada na costa sudeste da Ilha de Santorini. Devido à sua localização entre o Mar Egeu e o continente, foi uma base ideal para os primeiros colonizadores e, mais tarde, um centro de importante comércio e cultura. Sua história (da Idade do Bronze até a Era Bizantina) é comprovada por escavações arqueológicas. A antiga cidade Thera fica em seu topo. Com sua topografia acidentada, testemunha também a história vulcânica de Santorini.

A ilha vulcânica de Santorini está localizada em uma bacia extensional ao longo do Arco Vulcânico do Egeu Meridional. As erupções basálticas são mais comuns em Santorini do que em outros centros vulcânicos ao longo deste arco. A cor escura da areia da Praia de Perissa é resultante do material vulcânico da Ilha de Santorini e, pela proximidade, em boa parte da Montanha Mesa Vouno.

Referências:

Monte Mesa Vouno (acesso em 2024): https://akrotiri-museum.com 

Geologia da Ilha de Santorini (acesso em 2024): https://ui.adsabs.harvard.edu

Praia de Ureki

Localização: no distrito de Ozurgeti, no município de Ureki, na região de Guria, na costa oeste da Geórgia, banhada pelo Mar Negro.

Praia de Ureki (Crédito: Kakha Kolkhi).

A região de Guria está situada na parte oeste do cinturão de dobras e empurrões Achara-Trialeti. Este cinturão está associado ao Cáucaso Menor, a unidade mais meridional do Cáucaso, que resultou da colisão continental entre as placas da Arábia e Eurasiana. Representa um orógeno do Fanerozoico formado ao longo da margem continental norte euro-asiática, na direção noroeste-sudeste, entre os mares Negro e Cáspio.

Na região de Guria, que faz parte do Cáucaso, há indícios da zona formada sob compressão na colisão das placas Eurasiana e da Arábia no Mioceno e esteve ativa por muito tempo. Esta zona propiciou a ocorrência a longo prazo de canais condutores para a ascensão de magma do manto abissal. Pulsos de vulcanismos produziram pórfiros augíticos, no Eoceno, e basaltos e traquitos, no Mioceno, embora o pulso mais intenso do Eoceno tenha produzido grandes coberturas de basaltos alcalinos potássicos e andesito-basálticos.

As praias da Geórgia nas margens do Mar Negro, como Ureki, têm areia ricas em ferro. No caso dos 5 km de extensão da areia desta praia, o ferro está presente na composição da magnetita, justificando sua cor preta. Além disto, é uma areia com fama de ter propriedades curativas devido às características magnéticas.

Esta fama surgiu a partir de meados do século XX quando, por ordem do revolucionário e político soviético Joseph Stalin (1878-1953), Ureki se transformou em um canteiro de obras para a construção de hotéis com trabalho de prisioneiros. Surgiram notícias de que muitos deles estavam se recuperando de uma série de doenças. Até hoje, esta fama faz com que muitos turistas escolham Ureki como destino por causa destas propriedades terapêuticas. As areias magnéticas em Ureki têm uma taxa de magnetização de até 70%.

Referências:

Geologia da região de Guria (acesso em 2024): https://www.researchgate.net 

Geologia da região de Guria (acesso em 2024): https://alkaline.web.ru

Praia de Ureki (acesso em 2024): https://www.roadiscalling.com

Praias de areia ocre-alaranjada

Praia Porto Ferro

Localização: no município de Sassari, em Nurra, na costa noroeste da ilha italiana da Sardenha, banhada pelo Mar da Sardenha.

Praia Porto Ferro (Crédito: Roman Königshofer).

A região de Nurra é a única da Sardenha onde três sequências clásticas do Permiano e do Triássico estão claramente expostas. Da base ao topo:
  • Primeira Sequência ‒ constituída pelo chamado Conglomerado Basal coberto pela Formação Punta Lu Caparoni, uma sucessão de ∼15 m de espessura composta por xistos escuros, camadas de arenito e corpos conglomeráticos. Acima, ∼30 m de depósitos ácidos vulcanoclásticos estão presentes.
  • Segunda Sequência ‒ começa com ∼50 m da Formação Pedru Siligu com conglomerados e arenitos esparsos. Após novo registro de atividade vulcânica, a área é caracterizada pela Formação Porto Ferro constituída por pelo menos 200 m de leitos vermelhos fluviais. Acima, encontram-se os arenitos e siltitos avermelhados da Formação Cala del Vino.
  • Terceira Sequência ‒ na parte inferior, repousando com discordância no topo da Formação Cala del Vino, o Conglomerado Porticciolo é constituído por alguns metros de conglomerado quartzoso, incluindo clastos desgastados e intercalações areníticas. Acima, arenitos vermelhos e siltitos de granulação média a fina caracterizam os arenitos da Formação Cala Viola.
Acima destas rochas, na região de Nurra, um calcário rudista do Cretáceo superior ocorre com peculiar assembléia biótica portadora de rudistas rica em algas vermelhas coralinas e briozoários.

A praia de Porto Ferro tem uma extensão de 2 km de grãos de areia fina rica em conchas. Estas conchas, o calcário e as rochas avermelhadas da região conferem à sua areia uma tonalidade ocre com tons alaranjados.

Referências:

Geologia de Nurra (acesso em 2024): https://eps.rutgers.edu
  
Geologia de Nurra (acesso em 2024): https://www.researchgate.net 

Praia Porto Ferro (acesso em 2024): https://www.spiaggesardegna.it 

Praia de Ramla

Localização: na Baía de Ramla, no nordeste da Ilha de Gozo, uma das Ilhas Maltesas da República de Malta, banhada pelo Mar Mediterrâneo

Praia de Ramla ao fundo, vista da Caverna Valley Mixta (Crédito: Ralf Roletschek).

As Ilhas Maltesas, com área total de 316 km², estão localizadas na porção central do Mar Mediterrâneo. Neste arquipélago, as três ilhas maiores são Malta, Comino e Gozo.

Estas ilhas têm superfícies rochosas constituídas por carbonatos formados durante o Oligoceno e o Mioceno. Os sedimentos acumulados são quase totalmente originados nas proximidades, contendo, em grande parte, restos de esqueletos de animais e plantas. 

Variando apenas as espessuras das formações listadas a seguir em cada ilha do arquipélago, encontram-se nas ilhas Maltesas, de baixo para cima:
  • Calcário Coralínio inferior ‒ de ambiente de golfo raso com foraminífera bentônicos;
  • Calcário Globigerina ‒ cobre ∼70% da área das ilhas, de cor amarela a cinza claro, de águas mais profundas, com foraminífera globigerinídeos planctônicos.
  • Argila Azul ‒ forma taludes, de ambiente aberto com águas lamacentas, com grãos finos constituídos por hidróxido de cálcio e caulinita, com foraminífera Globigerina e Orbulina.
  • Areia Verde ‒ consiste em calcários bioclásticos de granulometria fina, ricos em glauconita depositados em um mar quente.
  • Calcário Coralínio Superior ‒ semelhante ao Calcário Coralínio Inferior, de ambiente de águas rasas, com transição da Areia Verde gradual, fundindo-se por vezes em arenito granular vermelho e preto ou calcário rico em coral vermelho e branco, que grada para um arenito calcário branco.
A Praia de Ramla é a maior da Ilha de Gozo. Está localizada no fundo de um vale na Baía de Ramla rodeada por falésias rochosas e nas proximidades da Caverna Valley Mixta. A cor alaranjada de sua areia, justificada pelas rochas locais, motivou com certo exagero o nome "Ramla l-Hamra", que significa "Praia Vermelha" em maltês. 

Referências:

Ilhas Maltesas (acesso em 2024): https://www.gov.mt

Ilha de Ramla (acesso em 2024): https://www.govinfo.gov 

Geologia das Ilhas Maltesas (acesso em 2024): https://era.org.mt

Praias de areia vermelha

Praia Kokkini

Localização: na Península de Akrotiri, na costa sul da ilha grega de Santorini, banhada pelo Mar de Creta (mar do sul do Mar Egeu).

Praia Kokkini (Crédito: Sidvics).

Areia da Praia Kokkini (Crédito: LBM1948).

Material andesítico, incluindo depósitos piroclásticos e cones de cinzas vulcânicas, é encontrado em centros eruptivos na Península de Akrotiri, onde está localizada a Praia de Kokkini.

A Praia Kokkini tem seu nome derivado do grego "Κόκκινη παραλία" (ou "Paralia Kokkini"), que significa "Praia Vermelha". Ela tem sua área de areia coberta por característicos cascalhos preto-avermelhados e rodeada por falésias de rocha vulcânica. Este contexto justifica sua cor vermelha.

Referências:

Praia Kokkini (acesso em 2024): https://santorini-more.com

Geologia da Ilhas Cíclades (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Geologia da Ilha de Santorini (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Praias de areia rosa

Praia Rosa

Localização: na costa sudeste da Ilha Budelli, no Arquipélago de La Madalena, no norte da Ilha italiana da Sardenha, banhada pelo Mar Tirreno.

Praia Rosa (Crédito: Eye).

Uma das suítes magmáticas do Batólito Córsega-Sardenha corresponde a um conjunto composto por granodioritos e monzogranitos com gabros toleíticos subordinados. Desta suíte faz parte o Plúton La Maddalena com rochas monzograníticas a leucograníticas que surgiam entre ∼320 milhões e 295 milhões de anos atrás. Ele compõem o Arquipélago La Maddalena com ∼60 ilhas e ilhotas e também a Ilha Budelli.

Esta ilha, com apenas 1,6 km², é habitada por uma única pessoa, o guardião da ilha. É atravessada por uma crista granítica cujo ponto mais alto é o monte Budello, com 88 m de atitude, localizado a noroeste da Praia Rosa. 

"Cala di Roto", que significa algo como "Enseada de Rompimento", é o nome oficial da Praia Rosa. Este nome popular se deve ao fato de a composição da sua areia ter grande quantidade de restos de pequenos esqueletos dos foraminífera rosados Miniacina miniacea.

A fama desta praia surgiu em 1964, quando o diretor de cinema italiano Michelangelo Antonioni (1912-2007) rodou nesta praia uma cena de seu primeiro filme a cores com o título "O deserto vermelho". A fama foi tanta que, para impedir o roubo de areia, o Parque Nacional do Arquipélago La Maddalena resolveu fechar a ilha para o público no final da década de 1960.

Referências:

Geologia da Ilha da Sardenha (acesso em 2024): https://iris.uniss.it

Geologia da Ilha da Sardenha (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Arquipélago de La Madalena (acesso em 2024): https://www.seame.it 

Ilha Budelli (acesso em 2024): https://www.portituristicilamaddalena.it

Praia de Elafonisi

Localização: na costa sudoeste da ilha grega de Creta, na ligação com a Ilha Elafonisi, banhada pelo Mar Mediterrâneo.

Praia de Elafonisi (Crédito: Anya Mendrek).

Creta estava submersa no Oceano Tétis desde 500 milhões de anos atrás até o Preistoceno quando houve alterações do nível do mar. Neste período ocorreram muitos e diversificados processos que produziram uma litologia multicolorida em Creta e em Elafonisi. Há o calcário cinzento nas montanhas, o xisto esverdeado, o filito pálido, o calcário claro erodido pela chuva e pelo vento e a marga amarelada. Estas rochas, formadas ainda durante a existência do Oceano Tétis, foram estratificadas com a elevação do fundo do mar. A geodiversidade da região motivou a criação de dois geoparques da Unesco, o Psiloritis e o Sitia.

As ilhas de Creta e Elafonisi estão unidas por esta geodiversidade, mas também fisicamente. É possível caminhar de Creta para Elafonisi principalmente na maré baixa, mas mesmo na maré alta este trajeto não é impossível de ser percorrido já que a água atinge apenas um metro de altura.

A cor da areia da Praia de Elafonisi tem origem nas conchas de forminífera de cor rosa esmagadas e nos pequenos organismos de cor vermelha que vivem nos corais. A intensidade da cor rosa varia de acordo com o movimento da maré.

Referências:

Geologia da Ilha de Creta (acesso em 2024): https://www.west-crete.com

Geologia da Ilha de Creta (acesso em 2024): https://www.cretanbeaches.com

Geologia das ilhas de Creta e Elafonisi (acesso em 2024): https://www.researchgate.net 

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