Em breve:
A Paleoclimatologia e os indícios do clima do passado geológico

5 de agosto de 2024

A geologia das praias coloridas do Oceano Atlântico - Parte I

Por Marco Gonzalez

Composição de 5 praias representando as cores (branca, preta, vermelha, rosa e verde) encontradas na areia das praias selecionadas nas margens do Oceano Atlântico
(Adaptação das imagens utilizadas neste texto).

São descritas, nesta Parte I, as principais causas geológicas das cores das areias de algumas praias coloridas banhadas pelo Oceano Atlântico. As regiões do Golfo do México e do Mar do Caribe são tratadas na Parte II, enquanto o Mar Mediterrâneo e o Mar Negro são detalhados na Parte III.

Oceano Atlântico

O Oceano Atlântico, cujo nome deriva do deus grego Atlas, cobre ∼20% da superfície terrestre em uma área de 85,133 milhões de km² e com um volume de 310 milhões de km³ de água. Esta é segunda maior bacia oceânica da Terra (perdendo apenas para o Oceano Pacífico). Está limitada pelas Américas do Norte e do Sul, a oeste, pela Europa e pela África, a leste, pelo Oceano Ártico, ao norte, e pelo Oceano Antártico, ao sul.

Inclui os seguintes corpos de água: Baía de Hudson, Estreito de Hudson, Mar de Labrador, Baía de Baffin (ao norte do Estreito de Davis), Estreito de Davis, Estreito da Dinamarca, quase todo o Mar da Escócia, Mar do Norte, Mar Báltico, parte da Passagem de Drake e outros corpos d'água tributários, além de Mar Negro, Mar do Caribe, Golfo do México e Mar Mediterrâneo que serão vistos nas partes II e III.

Localização de alguns locais do Oceano Atlântico mencionados neste texto
(Adaptado de Solar System Scope).
As áreas identificadas como "Parte II"  e "Parte III" são detalhadas nas sequências que tratam 
do Golfo do México e do Mar do Caribe (Parte II) e
do Mar Mediterrâneo e do Mar Negro (Parte III) .

História geológica

O Oceano Atlântico tem sua formação associada à fragmentação do Pangeia. Este supercontinente reunia todas as massas continentais da Terra quando deu-se o início do seu desmembramento
  • há ∼200 milhões de anos, no Hemisfério Norte, quando a América do Norte foi separada da Europa e do noroeste da África, e
  • há ∼140 milhões de anos, no Hemisfério Sul, ao ser afastada a América do Sul do sudeste da África durante a fragmentação do Gondwana.
Provavelmente, o fraturamento do Pangeia, ocorrido em sua porção setentrional, decorreu de alguma alteração radical no sistema de correntes de convecção no manto, aliada possivelmente à ocorrência de plumas mantélicas. 

Pluma mantélicaascensão de material, de forma alongada, que se origina na base do manto como uma coluna vertical de rocha quente e flutuante, que viria de perturbações convectivas mais profundas alimentadas pelo calor do núcleo da Terra, geralmente atribuídas à instabilidade térmica de uma fina camada nas proximidades do limite núcleo-manto.

No início do fraturamento do Pangeia, ocorreram grandes eventos vulcânicos basálticos sobre a massa continental ainda não dispersa. No Hemisfério Norte, estes eventos formaram inúmeros corpos de rocha ligados à Província Magmática do Atlântico Central. No Hemisfério Sul, a fragmentação do Gondwana está associada a uma enorme manifestação vulcânica nas bacias sedimentares do Paraná, no Brasil, e de Etendeka, na África.

Com a progressiva separação dos continentes, foi criada uma crosta oceânica à medida que episódios vulcânicos sucessivos foram recebendo material basáltico. Este material apresenta idades cada vez mais jovens em direção às porções centrais da crosta.

Tectonismo de placas

No Oceano Atlântico, ocorre a interação entre quatro placas tectônicas maiores (Norte-Americana, Sul-Americana, Africana e Eurasiana), além de duas outras menores (do Caribe e Scotia).

A Dorsal Mesoatlântica determina os limites divergentes entre as placas Norte-Americana e Eurasiana (no Atlântico Norte) e entre as placas Sul-Americana e Africana (no Atlântico Sul).

A Placa do Caribe tem suas fronteiras nordeste e leste marcadas por zonas de subducção, onde as placas Norte-Americana e Sul-Americana estão convergindo sob ela. Nas suas fronteiras norte e sul ocorrem falhas transformantes sinistrais (com a Placa Norte-Americana, ao norte) e dextrais (com a Placa Sul-Americana, ao sul).

A fronteira da Placa Scotia com a Placa Sul-Americana, conhecida como Dorsal Scotia Norte, também é caracterizada por falhas transformantes, no caso, sinistrais.

Falha transformantefalha transcorrente no limite de placas tectônicas.
Falha transcorrente: aquela que apresenta deslizamento horizontal paralelo à direção do plano de falha, que é vertical ou sub-vertical.
Dextral (movimento lateral direito): diz-se, em relação a um observador olhando perpendicularmente para um plano de falha, que o bloco mais distante teve movimento para a direita.
Sinistral (movimento lateral esquerdo): diz-se, em relação a um observador olhando perpendicularmente para um plano de falha, que o bloco mais distante teve movimento para a esquerda.
 
No fundo do Oceano Atlântico, são encontradas fossas oceânicas, sendo a de Porto Rico a mais profunda.

Fossa oceânicadepressão oceânica extensa e profunda, com laterais íngremes que ocorre junto ao plano de subducção em pleno domínio oceânico.
 
Estudos recentes indicam que uma zona de subducção sob o Estreito de Gibraltar se propagará pelo Oceano Atlântico e, em ∼20 milhões de anos, poderá ser formado um anel de fogo análogo ao que existe no Oceano Pacífico. Duas outras zonas de subducção também são encontradas nas Pequenas Antilhas (no Caribe) e no Arco Scotia (próximo da Antártida). Estas já invadiram o Oceano Atlântico há vários milhões de anos.

Estas zonas de subducção apontam para um futuro fechamento do Oceano Atlântico, mas, enquanto ele não inicia a se fechar,
  • no Atlântico Norte, a América do Norte continua a se afastar da Eurásia, a uma velocidade de ∼2 a 3 cm/ano, e,
  • no Atlântico Sul, a velocidade de afastamento da América do Sul em relação à África é de ∼4,5 cm/ano.
Oceano Atlântico, altimetria, placas tectônicas (Adaptado de NGDC/NOAA / Physical Geology), Fossa de Porto Rico (Adaptado de Vsmith), Zona de Fratura Charlie-Gibbs (Adaptado de Skolotnev/Sanfilippo) e Zona de Fratura Romanche (Adapatado de NGDC/NOOA).

Dorsal Mesoatlântica, montes submarinos, ilhas e praias

A estrutura tectônica, conhecida como Dorsal Mesoatlântica, é uma cordilheira subaquática que se eleva na Planície Abissal e divide o fundo oceânico do Atlântico em duas porções aproximadamente simétricas. É a maior cordilheira da Terra e a descoberta de seu cume, que ocorreu na década de 1950, propiciou a construção da teoria da expansão do fundo do mar e a aceitação geral da teoria da Deriva Continental de Wegener. 

A Dorsal Mesoatlântica sofre deslocamentos
  • pela Zona de Fratura Charlie-Gibbs, que a desloca 350 km para o oeste (separando-a da Dorsal Reykjanes), e
  • pela Zona de Fratura Romanche, localizada nas proximidades ao Equador, que a desloca 900 km para o leste (a Romanche é considerada a linha divisória entre o Atlântico Norte e o Atlântico Sul).
 Destacam-se as seguintes características na Dorsal Mesoatlântica:
  • eleva-se a mais de 3.000 m sobre o fundo oceânico;
  • estende-se desde ∼333 km ao sul do Polo Norte até a ilha subantártica Bourvet, no sul, com um vale de rifte ao longo de seu comprimento de ∼10 mil km;
  • possui uma largura que varia de 1.000 a 1.500 km;
  • apresenta anomalias magnéticas que se alinham simetricamente em cada um de seus lados devido à magnetização das rochas basálticas durante suas formações; e
  • inclui vários arquipélagos vulcânicos essencialmente basálticos.
Ilhas oceânicas são encontradas ao longo da Dorsal Mesoatlântica, sendo a Islândia, no Atlântico Norte, a maior delas. Ali se observam os limites das placas Norte-Americana e Eurasiana. Nela, assim como nas ilhas dos Açores, Ascensão, Tristão da Cunha e Bouvet, ocorrem processos vulcânicos modernos, com extravasamento de lava ao longo das fissuras da crosta nos limites divergentes das placas.

Localização das ilhas e dos arquipélagos do Oceano Atlântico mencionados neste texto (Adaptado de Solar System Scope).

Plumas mantélicas, afastadas da Dorsal Mesoatlântica, provocam manifestações vulcânicas basálticas mais jovens. Geralmente são formados montes submarinos (com pelo menos 1.000 m de altura) e, em alguns casos, ilhas emergem no oceano, como os arquipélagos das Bermudas, da Madeira, das Canárias e do Cabo Verde, no Atlântico Norte, e de Fernando de Noronha, de Santa Helena, de Trindade e de Martin Vaz, no Atlântico Sul. Cadeias de montes submarinos são frequentemente alimentados por hotspots. Excepcionalmente, representando o próprio manto subcrustal, as formações rochosas de São Pedro e São Paulo emergem ao longo da Zona de Fratura Romanche.

Hotspotlocal onde pluma de magma anormalmente quente, oriunda do manto inferior, eleva-se por efeito de correntes de convecção.

No Oceano Atlântico são encontradas diversas praias coloridas, como as que estão localizadas na próxima figura e descritas, a seguir, agrupadas pela cor da areia.

Localização das 15 praias coloridas, selecionadas neste texto, banhadas pelo Oceano Atlântico (Adaptado de Solar System Scope).

Referências:

Oceano Atlântico (acesso em 2024): https://oceanservice.noaa.gov

Oceano Atlântico (acesso em 2024): https://www.cia.gov

História geológica do Oceano Atlântico (acesso em 2024): http://www.sbpcnet.org.br

História geológica do Oceano Atlântico (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Ruptura África - América do Sul (acesso em 2024): https://www.labroots.com

Placa do Caribe (acesso em 2024): http://springercaribbeanstudies.weebly.com

Placa Scotia (acesso em 2024): https://antarctic-plate-tectonics.weebly.com 

Fechamento do Oceano Atlântico (acesso em 2024): https://www.eurekalert.org

Dorsal Mesoatlântica (acesso em 2024): https://whc.unesco.org

Praias de areia branca

Praia de Luskentyre

Localização: na costa sudoeste da Ilha de Harris, na Baía de Luskentyre, na Escócia.

Praia de Luskentyre (Crédito: diamond geezer).

As rochas mais antigas da Ilha de Harris são rochas ígneas que datam do Arqueano médio. Passados 100 milhões de anos após a formação destas rochas, ocorreu metamorfismo por soterramento e surgiram gnaisses e, em alguns locais, veios de pegmatito. Estas rochas foram novamente soterradas em zonas de subducção. No final do Paleoproterozoico, ocorreu a orogenia Laxfordiana e, após, os gnaisses da região foram expostos e passaram a ser erodidos. No final do Cambriano, foi iniciada a Orogenia Caledoniana, ocorreu a colisão da Escócia com a Inglaterra e a Escandinávia, com produção de vulcanismo. No início do Siluriano, a Escócia foi coberta por uma camada de gelo e, ao final da onda de frio, a Ilha de Harris, com suas rochas gnáissicas, passou a sustentar vegetação.

A maior parte da Ilha de Harris é muito acidentada, mas é mais "rochosa" na costa leste em contraste com a costa oeste onde predominam planícies férteis de baixa altitude, conhecidas como "machairs", e quilômetros de praias de areia branca. Estas praias têm areia rica em conchas, sendo esta a causa da cor branca que as caracterizam, como é o caso da Praia de Luskentyre.

Na Baía de Luskentyre, afloram também rochas graníticas do Arqueano-Proterozoico e são comuns estromatólitos de ambiente clástico associados ao sistema de plataformas costeiras.

Referências:

Geologia da Ilha de Harris (acesso em 2024): https://nora.nerc.ac.uk

Geologia da Ilha de Harris (acesso em 2024): https://www.researchgate.net 

Praia de São Cristóvão

Localização: no município de Areia Branca, no litoral setentrional do Rio Grande do Norte, no Brasil.

Praia de São Cristóvão (Crédito: Marcos E. O. Júnior).

Em praias do município de Areia Branca, como a de São Cristóvão e a de Ponta do Mel, observam-se, além da areia branca, afloramentos do Grupo Barreiras. Este grupo faz parte da Bacia Sedimentar Potiguar, que abrange o Rio Grande do Norte além de pequena faixa do Ceará. Esta bacia constitui um compartimento tectonossedimentar originado por rifteamento e deriva continental desenvolvidos no Cretáceo.

Rifteamentoprocesso tectônico causado pelo afastamento de placas tectônicas quando forças tencionais fazem com que a litosfera se estique e se afine, podendo levar à formação de uma bacia oceânica ou de um vale de rifte continental.

A fase marinha regressiva das sequências sedimentares de margem passiva do arcabouço estratigráfico da Bacia Potiguar inclui sistemas de leques costeiros com siliciclásticos do Grupo Barreiras, representando uma das principais sequências aflorantes da porção emersa desta bacia.

Estas rochas pertencem ao domínio dos sedimentos do Cenozoico pouco a moderadamente consolidados, sendo associados a tabuleiros caracterizados por alternância irregular entre arenitos, siltitos, argilitos e cascalho. Apresentam constante teor de carbonato, com concentração maior na Praia de São Cristóvão, onde há baixo teor de matéria orgânica. Esta condição confere a cor branca à areia da praia.

Referências:

Geologia da Praia de São Cristóvão (acesso em 2024): https://repositorio.ufrn.br 

Bacia Sedimentar Potiguar (acesso em 2024): https://rigeo.cprm.gov.br

Praia do Porto de Galinhas

Localização: no município de Ipojuca, em Pernambuco, ao sul da capital Recife, no Brasil.

Praia de Porto de Galinhas (Adaptado de Jobosco).

A Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais abrange 135 km de costa desde o município de Rio Formoso, em Pernambuco, até Maceió, em Alagoas. É delimitada, a oeste, pela linha de preamar média e, a leste, pela borda da faixa de ∼33 km que adentra o Oceano Atlântico. Esta costa, onde são comuns formações de recifes que dão nome à capital de Pernambuco, está associada às Bacias Sedimentares Emersas, do Holoceno, que ocorrem naquele estado e na Paraíba.

Na Costa dos Corais são encontradas praias de areia branca, como a Praia do Pontal de Maragogi, a Praia da Bruna, a Praia de Antunes e a Praia de Paripueira. Destaca-se, nesta costa, a Praia do Porto de Galinhas, com ∼6,3 km de extensão, eleita por 10 anos consecutivos a praia mais bonita do Brasil pela Revista Viagem e Turismo.

Na costa da Praia de Porto de Galinhas, formando piscinas naturais na maré baixa, os recifes ocupam uma área de 260.000 m², com comprimento de 900 m e espessura média de 5 m. Na maré baixa, há exposição de uma pequena faixa de arenitos paralelos à linha de costa. Eles ficam, em sua maior parte, submersos permanentemente, sendo colonizados por corais e algas.

Estes arenitos são constituídos de areias quartzosas com pequenas quantidades de fragmentos de conchas de moluscos, briozoários, equinoides e algas calcárias. Seu cimento é de natureza carbonática, de origem marinha, formado principalmente por calcita.

Na areia da Praia do Porto de Galinhas são encontrados diversos materiais, como conchas, matéria orgânica e fragmentos de siltitos, argilitos e arenitos. A cor branca destes cordões que acompanham a orla marítima se deve à acumulação dos sedimentos locais, marinhos e continentais, retrabalhados pela ação do mar.

Referências:

Praia Porto de Galinhas (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Geologia da região de Porto de Galinhas (acesso em 2024): https://www.sgb.gov.br 

Costa dos Corais (acesso em 2024): https://repositorio.ufpb.br  

Areia de Porto de Galinhas (acesso em 2024): https://repositorio.ufpe.br 

Praia de Lopes Mendes

Localização: na porção sudeste da Ilha Grande, voltada para o oceano, no município de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, no Brasil.

Praia de Lopes Mendes (Crédito: Whl.travel).

Desde a Região dos Lagos até a Ilha Grande, no estado do Rio de Janeiro, são encontradas diversas praias com areia branca, como as praias de Peró, do Forno (Arraial do Cabo), dos Anjos, do Pontal do Atalaia, da Figueira, da Barra de Maricá, de Itaipuaçu, do Recreio e de Lopes Mendes. Esta última foi selecionada porque, diferentemente das demais, está localizada em uma ilha, o que, em princípio, a torna mais protegida ambientalmente.

Ilha Grande faz parte do Terreno Oriental da Faixa da Ribeira associado a sucessivas etapas colisionais ocorridas na Orogênese Brasiliana, entre o Neoproterozoico e o Ordoviciano. Suas rochas são ortognaisses do Complexo Rio Negro (que representa o arco magmático da Faixa da Ribeira) e diversas rochas granitoides das etapas sin a pós-colisionais. Estas rochas granitoides predominam na ilha, sendo representadas pela Suíte Charnockítica Ilha Grande, nas encostas íngremes, e pelo Granito Vila Dois Rios, nas regiões com relevo mais arredondado.

Lopes Mendes está localizada na costa de Ilha Grande voltada para o oceano e, como é comum nas praias assim posicionadas nesta ilha, sua areia possui granulometria e grau de selecionamento bastante variável, com o predomínio de areia quartzosa, subangular, com granulometria variando entre média a muito fina. Os grãos de quartzo conferem a cor branca à areia.

Referências:

Geologia de Ilha Grande (acesso em 2024): https://www.e-publicacoes.uerj.br

Geologia de Ilha Grande (acesso em 2024): http://ceads.sr2.uerj.br 

Geologia de Ilha Grande (acesso em 2024): https://pantheon.ufrj.br 

Geologia da Faixa da Ribeira (acesso em 2024): https://www.researchgate.net  

Praia Paternoster

Localização: na costa próxima à cidade do Cabo, na África do Sul, entre a Baía de Saldanha e Shelley Point.

Praia Paternoster (Crédito: Mike Lomax).

Sedimentos ricos em carbonato estão presentes na maioria das praias entre a Baía de Saldanha e Shelley Point, como é o caso da Praia de Paternoster que chega a ter 74% em peso de carbonato de cálcio. Nas praias desta costa, o baixo teor de material terrígeno está relacionado com a elevada produção biogênica de CaCO₃ ao longo da costa rochosa, bem como com a ausência de entrada de sedimentos terrígenos que seria realizada por rios ou pela deriva litorânea. Assim, a cor branca da areia destas praias se deve à presença de carbonato de cálcio.

A composição das dunas costeiras reflete a mineralogia da areia das praias desta região. As dunas mais antigas entre a Baía de Saldanha e Shelley Point são quase inteiramente compostas de areia rica em carbonato de cálcio, contendo até 90% em peso. 

Referências:

Praia Paternoster (acesso em 2024): https://www.sa-airlines.co.za

Região entre Baía de Saldanha e Shelley Point (acesso em 2024): https://journals.co.za 

Praia Paternoster (acesso em 2024): https://open.uct.ac.za 

Praias de areia preta

Praia de Reynisfjara

Localização: a ∼180 km de cidade de Reykjavik, no extremo sul da Islândia 

Praia de Reynisfjara (CréditoGiuseppe Milo).

"Reynisfjara" significa "praia de Reynir" em islandês. Reynir é o nome de uma área colonizada pelo norueguês Björn de Valdresi no final do século IX, quando a Islândia era apenas uma terra vazia. Nesta praia de areia preta, cor que predomina na maioria das praias da Islândia, junto a elevadas falésias podem ser encontradas grandes formas geológicas de basalto. São exemplos destas formas (vistos na imagem acima) os empilhamentos de blocos hexagonais (de até 66 m de altura), as grutas e as pilhas marítimas (que restaram no mar após a atividade erosiva).

Reynisfjara foi formada nas proximidades do Vulcão Katla, cuja lava alcançou o Oceano Atlântico esfriando instantaneamente. Desta forma, solidificada a rocha de cor preta, ela passou a sofrer erosão marinha com consequente produção de areia desta mesma cor.

O cenário desta praia favorece a produção de lendas. Uma das mais famosas conta a história de dois trolls (criaturas sobrenaturais do folclore escandinavo) que tentaram arrastar um navio para a costa. Disfarçaram-se de humanos, mas foram capturados pelos raios do Sol e transformados em pedras, formando as pilhas marítimas encontradas na região e conhecidas como Reynisdrangar ("pessoas de Reynir" em islandês).

Reynisfjara ficou famosa na TV e no cinema ao servir de cenário em "Game of Thrones" e em "Star Wars".

Referências:

Geologia de Reynisfjara(acesso em 2024): https://troll.is

Geologia de Reynisfjara(acesso em 2024): https://www.mountainguides.is 

Praia dos Mosteiros

Localização: na costa noroeste da Ilha de São Miguel, no Arquipélago dos Açores, região autônoma de Portugal.

Praia dos Mosteiros (CréditoEduardo Manchon).

O Arquipélago dos Açores está localizado nas proximidades da junção das placas tectônicas Norte-Americana, Eurasiana e Africana, 1.800 km a oeste do Estreito de Gibraltar. Este arquipélago começou a ser formado quando uma cadeia de ilhas vulcânicas (ainda sismicamente ativas) surgiu a partir de um hotspot no Mioceno Superior. Atualmente, a região constitui o Geoparque Global Açores da Unesco.

Neste Arquipélago, a ilha com maior atividade vulcânica e a maior em área (760 km²) é São Miguel. Ela compreende seis zonas vulcânicas que se formaram nos últimos 3 a 4 milhões de anos. Sua forma moderna, entretanto, foi assumida há ∼50 mil anos quando uma erupção de lava se juntou aos maciços vulcânicos Leste e Oeste já existentes.

A atividade vulcânica mais recente, junto ao Maciço Oeste, abrange a Praia dos Mosteiros. Nesta região são encontradas três caldeiras principais: Caldeira das Sete Cidades (a maior, formada quando o cume vulcânico desabou há ∼22 mil anos), Caldeira do Alferes (formada durante uma erupção por volta do ano 2050 aC) e a Caldeira Seca (formada em 1444).

Os cones remanescentes próximos da Praia dos Mosteiros, a noroeste da Caldeira das Sete Cidades, indicam que houve uma erupção com acúmulo de depósitos de traquito. Nas proximidades do topo da falésia a sudoeste da praia, hialoclastito e depósitos de lapili basáltico ocorrem intercalados com traquito. No lado direito da praia, afloram traquiandesitos onde são vistos xenocristais de olivina (forsterita). Cada um destes materiais dá sua contribuição à cor preta da areia da praia.

Hialoclasitodepósito ou rochas constituídos por fragmentos angulosos de vidro vulcânico, formados por fluxo ou intrusão de magma ou lava em uma rocha ou depósito saturado em água.
Lapilli: pequenos fragmentos angulares a arredondados piroclásticos com 2 a 64 mm de diâmetro que foram ejetados já no estado sólido ou ainda em fusão.
Traquito
rocha vulcânica ou hipabissal constituída fundamentalmente por feldspato potássico (sanidina ou ortoclásio), sendo correspondente efusivo do sienito.
Traquiandesitorocha ígnea efusiva intermediária em composição entre traquito e andesito, composta de plagioclásio (andesina-oligoclásio), feldspato potássico e um ou mais minerais máficos (biotita, anfibólio, piroxênio).

Referências:

Geologia da Ilha de São Miguel (acesso em 2024): https://earthobservatory.nasa.gov

Caldeira de Sete Cidades (acesso em 2024): https://pubs.usgs.gov

Praia dos Mosteiros (acesso em 2024): https://www.mindat.org 

Praia d'El Golfo

Localização: no município de Yaiza, no Parque Nacional de los Volcanes, na costa oeste da Ilha de Lanzarote, no Arquipélago das Canárias, comunidade autônoma da Espanha.

Praia d'El Golfo com a água verde do lago Charco de los Clicos (à esquerda) e a parede de cratera do vulcão Timanfaya (ao fundo) (CréditoTim Tim).

A Ilha de Lanzarote, de origem vulcânica, está situada no extremo leste do Arquipélago das Canárias, em uma área intraplaca, no norte da placa tectônica Africana, abrangendo tanto a crosta oceânica quanto a continental. Lanzarote é uma das mais antigas das Ilhas Canárias, embora apresentando estágios tardios de crescimento.

Nesta região vulcânica, insere-se a Praia d'El Golfo, que é conhecida pela proximidade com um lago de águas verdes chamado Charco de los Clicos. A praia, com areia preta de material vulcânico, separa o lago do mar em um cenário complementado pela parede escura da borda da cratera do vulcão Timanfaya. Este vulcão é caracterizado por erupção hidrovulcânica, tendo o magma entrado em contato com a água do mar.

Erupção hidrovulcânica (ou freatomagmática)ocorre quando água subterrânea drenada em sistemas vulcânicos sofre súbito aquecimento por magma, ocorrendo explosão súbita da água superaquecida seguida de erupção e ejeção de vapor, água, cinzas e fragmentos de rocha.

Os 3 a 5 km³ de lava do vulcão Timanfaya, cuja erupção ocorreu de 1730 e 1736 (a mais longa registrada no Arquipélago das Canárias), cobriu quase 1/4 da ilha, alcançando uma área de ∼200 km². Devido a alta taxa explosiva da erupção, foram gerados fragmentos de vidro vulcânico, desde vários centímetros até finas cinzas, que se acumularam formando uma laminação típica. O material vulcânico produzido apresenta em alguns pontos cor amarelada ou mostarda, resultante da alteração dos fragmentos vítreos pelo vapor de água e por sais marinhos. Também são encontrados tafoni formados pela alteração causada também por sais marinhos.

A região está sujeita à erosão pelas ondas do mar, restando na praia atualmente somente parte do cone vulcânico. Sobre esta parte, na costa, formou-se um cordão de areia preta. Esta cor se deve ao material expelido pelo vulcão Timanfaya, caracterizado por escoamentos basálticos com tendências toleíticas, relativamente enriquecido em sílica e incluindo alguns xenólitos ultrabásicos, principalmente dunitos.

Referências:

Praia d'El Golfo (acesso em 2024): https://www.raphanomundo.com

Geologia da Praia d'El Golfo (acesso em 2024): https://geoparquelanzarote.org 

Geologia da Praia d'El Golfo (acesso em 2024): https://accedacris.ulpgc.es  

Vulcão Timanfaya (acesso em 2024): https://www.researchgate.net   

Praia de Ajuy

Localização: na costa oeste da Ilha Fuerteventura, no Arquipélago das Canárias, comunidade autônoma da Espanha.

Praia de Ajuy (CréditoMal B).

A Ilha Fuerteventura é a maior das sete ilhas do Arquipélago das Canárias, que faz parte de uma estrutura vulcânica alongada de orientação nordeste-sudoeste chamada Cordilheira Canária Oriental. A ilha é constituída por rochas vulcânicas subaéreas, as mais antigas do arquipélago, datados do início do Mioceno. 

As unidades litológicas principais definidas em Fuerteventura incluem uma sucessão de fluxos vulcânicos planos, que se sobrepõe por discordância ao chamado Complexo Basal, composto por uma sucessão vulcânica com três unidades litoestratigráficas: submarina, de transição e subaérea. Pertencentes ao Complexo Basal, na Praia de Ajuy são encontrados fluxos basálticos do Neógeno. São estes fluxos que dão cor à areia desta praia. 

Referências:

Geologia de Fuerteventura (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Geologia de Fuerteventura (acesso em 2024): https://pubs.geoscienceworld.org 

Praia Tarrafal

Localização: na costa oeste da Ilha de Santo Antão, no Arquipélago de Cabo Verde.

Praia Tarrafal (CréditoMar Tranquilidade).

O Arquipélago de Cabo Verde constitui uma república com o mesmo nome do arquipélago, um país insular. Está localizado a ∼600 km da costa oeste da África com nove ilhas habitadas, sendo Santo Antão a maior delas. Este arquipélago está assentado no fundo do mar do Jurássico-Cretáceo, que foi invadido no início do Mioceno por soleiras toleíticas, marcando o início do magmatismo nestas ilhas.

Sill (ou soleira)corpo ígneo tabular intrusivo paralelamente a estrutura planar (estratificação, xistosidade, clivagem ardosiana, ...) da rocha encaixante.

O arquipélago foi formado por hotspot intraplaca, tendo suas ilhas surgido no final do Cenozoico através de vulcanismo de longa duração. As rochas vulcânicas mais antigas expostas são do Oligoceno e a última erupção vulcânica conhecida ocorreu de novembro de 2014 a fevereiro de 2015 no vulcão Pico do Fogo (localizado na Ilha do Fogo) que estava inativo há 20 anos.

A Ilha de Santo Antão foi formada por erupções de magmas da série basanito-fonolito entre 7,5 milhões e 300 mil de anos atrás e magmas da série (melilita) nefelinito-fonolito entre 700 mil e 100 mil de anos atrás. A cor escura da areia da Praia Tarrafal tem origem nestas rochas.

Basanitorocha vulcânica negra de textura microlítica e frequentemente porfirítica, de aparência semelhante ao basalto.
Fonolitorocha vulcânica ou hipabissal correspondente efusiva do sienito alcalino com feldspatoide. Apresenta sonoridade característica ao ser golpeada com martelo.
Melilitarocha vulcânica alcalina, ultrabásica, de cor escura.
Nefelinitorocha vulcânica ultra-alcalina, de granulação fina, muitas vezes porfirítica.

Referências:

Cabo Verde (acesso em 2024): https://www.britannica.com

Geologia de Cabo Verde (acesso em 2024): https://academic.oup.com1 

Geologia de Cabo Verde (acesso em 2024): https://academic.oup.com2 

Praia Down

Localização: no município de Limbe, na costa sudoeste de Camarões, na África.

Praia Down (CréditoBlaizo 237).

O município de Limbe está localizado no Golfo da Guiné, nas proximidades da cordilheira do Monte Camarões. Este vulcão pertence à Linha Vulcânica dos Camarões, uma grande província vulcânica intraplaca ativa, do Cenozoico-Quaternário, localizada na África Centro-Ocidental. 

As rochas vulcânicas em Limbe resultam dos eventos eruptivos do Monte Camarões. São basaltos do Terciário com múltiplos fluxos de lava basáltica porfirítica pontuadas por vários cones piroclásticos estrombolianos. A topografia da região é marcada por cristas compostas por fluxos deste material vulcânico degradado e profundamente intemperizado.

A cidade de Limbe e a Praia Down estão localizadas na Baía Ambas, nas planícies e encostas a sudoeste do Monte Camarões. O basalto intemperizado é a origem da cor preta da areia de Down. 

Referências:

Monte Camarões (acesso em 2024): https://www.mdpi.com

Geologia de Limbe (acesso em 2024): https://www.heraldopenaccess.us 

Limbe (acesso em 2024): https://www.theseus.fi 

Região costeira de Limbe (acesso em 2024): https://www.heraldopenaccess.us

Praia de areia vermelha

Praia de Cavendish

Localização: em Lower Darnley, na costa nordeste da Ilha Prince Edward, no Canadá.

Praia de Cavendish (CréditoHannah Yoon).

A Ilha Prince Edward está localizada na porção mais ao sul da costa leste do Canadá. Esta região foi formada, no Jurássico superior, durante a fragmentação do Pangeia quando a América do Norte se separava da África. Houve formação de rifte do Triássico Superior ao Jurássico Inferior, quando leitos vermelhos, evaporitos e dolomitos surgiram em meios-grabens controlados por falhas. No Jurássico, no Cretáceo e no Terciário, a subsidência do embasamento continuou, criando várias sub-bacias sedimentares importantes.

A litoestratigrafia da Ilha Prince Edward compreende três seções principais:
  • intervalo basal de conglomerado e arenito cinzas com intercalações de lamito vermelho;
  • zona de transição com conglomerado e arenito vermelhos e cinzas com intercalações principalmente de arenito de grão fino a muito fino e argilito vermelhos; e
  • intervalo de conglomerado e arenito vermelhos superior com intercalações de arenito de granulação fina a muito fina e argilito vermelhos.
Estes leitos vermelhos constituem o Grupo Prince Edward Island. Eles representam os mais jovens estratos expostos em terra conhecidos da Bacia Marítima Orogênica (pós Acadiana) no leste do Canadá. Este grupo é subdividido em duas sequências de litofácies, sendo uma de plataforma proximal e outra mais distal.

A cor vermelha da areia da Praia de Cavendish se deve à abundância de ferro proveniente dos arenitos vermelhos macios ricos em hematita. A areia proveniente da erosão destes arenitos se espalhou por 800 km de costa.

Referências:

Praia Cavendish (acesso em 2024): https://www.atlasobscura.com

Geologia da costa leste do Canadá (acesso em 2024): https://csegrecorder.com 

Geologia da Ilha Prince Edward (acesso em 2024): https://journals.lib.unb.ca 

Praia de areia rosa

Praia de Horseshoe Bay

Localização: na costa sudeste do Arquipélago das Bermudas, um território britânico ultramarino.

Praia de Horseshoe Bay (Créditosimsbury119)

Detalhe da areia das praias das Ilhas das Bermudas (Crédito: Siim Sepp).

O Arquipélago das Bermudas está localizado no Atlântico Norte a ∼1.000 km da costa leste dos EUA na porção conhecida como Mar dos Sargaços. Suas 350 ilhas (somente 20 são habitadas) somam uma área de 53 km² com um litoral de 103 km.

O monte vulcânico das Bermudas iniciou a ser formado nas proximidades do lado oeste da Dorsal Mesoatlântica, no final do Eoceno, quando o Atlântico era mais estreito. Ele se elevou a ∼4.000 m do fundo do Atlântico, atingindo 1.000 m de altitude. Levado pela Placa Tectônica Norte-Americana para oeste, as Bermudas encontraram um hotspot e surgiram picos como o Challenger Bank e o Argus Bank.

No início do Oligoceno, aconteceu a última grande erupção vulcânica das Bermudas e, posteriormente,  a erosão marinha reduziu progressivamente o tamanho destas ilhas até que, no início do Mioceno, restaram apenas sedimentos. O cume truncado do monte vulcânico foi transformado numa plataforma rodeada de recifes e os restos fragmentados destes recifes formaram uma plataforma com areia carbonática.

No último milhão de anos, com ciclos de aquecimento e resfriamento globais e com avanços e recuos do mar, formaram-se praias e dunas costeiras que, eventualmente, foram cimentadas em colinas calcárias. Assim o Arquipélago das Bermudas chegou à sua forma atual com cobertura de rocha calcária derivada dos recifes de corais. A areia rosa das praias do Arquipélago das Bermudas, como é o caso de Horseshoe Bay, contém foraminíferos Homotrema rubrum que lhe conferem a cor rosa característica.

Referências:

Geologia das Ilhas das Bermudas (acesso em 2024): https://bermudageology.com

Geologia do Arquipélago das Bermudas (acesso em 2024): https://oceanexplorer.noaa.gov

Geologia do Arquipélago das Bermudas (acesso em 2024): https://www.dadosmundiais.com

Geologia do Arquipélago das Bermudas (acesso em 2024): https://www.thebermudian.com 

Areia das praias das Ilhas das Bermudas (acesso em 2024): https://www.sandatlas.org 

Praia do Forno

Localização: no município de Armação dos Búzios, no Parque Estadual da Costa do Sol, na Região dos Lagos do estado do Rio de Janeiro, no Brasil.

Praia do Forno (Crédito: Rubens Lopes).

No município de Armação dos Búzios afloram rochas da Faixa Móvel Ribeira. Estas rochas fazem parte da Orogenia Brasiliana e se subdivide em três terrenos tectônico-estratigráficos: Ocidental, Oriental e Cabo Frio. Este último se juntou à Faixa Móvel da Ribeira durante a formação do Gondwana. Sua cobertura supracrustal inclui a Sucessão Búzios com sillimanita-cianita-granada-biotita gnaisses migmatíticos.

As areias rosadas da Praia do Forno tem esta cor pela elevada concentração de granada, mineral de cor vermelha e rosa, presente na Sucessão Búzios. Em geral, nas areias das praias da região, há predomínio de quartzo, mas, neste caso, como ele é mais leve que a granada, acaba sendo levado para o mar. Assim, a granada permanece na praia em alta proporção.

Referências:

Geologia de Armação dos Búzios (acesso em 2024): https://www.geoparquecostoeselagunas.com

Geologia de Armação dos Búzios (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

Geologia de Armação dos Búzios (acesso em 2024): https://www.bdtd.uerj.br:8443  

Praia de areia verde

Praia de Kourou

Localização: nas proximidades da cidade de Kourou e da plataforma de lançamento de satélites da Agência Espacial Europeia, na costa da Guiana Francesa.

A Praia de Kourou (CréditoArria Belli).

A costa das Guianas é uma planície costeira do Holoceno-Pleistoceno com largura que varia de centenas de metros a mais de 10 km. Ali é encontrada a Praia de Kourou com 5 km de extensão. Em sua extremidade a sudeste, ela é delimitada pelo promontório rochoso Pointe des Roches. A noroeste, é aberta onde se funde com manguezais. Seu setor sudeste, com 2,5 km de extensão, localizado em frente à cidade de Kourou, vem sofrendo constante erosão nos últimos 5 anos. 

No promontório rochoso Pointe des Roches é possível encontrar:
  • granodioritos pouco estruturados, cinzentos a escuros, constituídos por grãos pequenos de anfibólio, quartzo e feldspato, e
  • veios de pegmatito que cortam os granodioritos, constituídos por minerais de quartzo e feldspato muito grandes. 
Associados ao processo de abertura da parte central do Oceano Atlântico, estes veios de pegmatito são muito numerosos e atravessam todas as formações do Pré-cambriano. Os doleritos, os mais comuns, apresentam piroxênio e plagioclásio, como minerais principais, seguidos de olivina e quartzo. Há também muita magnetita e ilmenita e alguma ocorrência de pirita e cobre.

A areia verde da Praia de Kourou é composta principalmente por cristais de olivina. No processo erosivo, como estes cristais são os mais pesados ​​encontrados na areia, eles permanecem enquanto os mais leves são levados pelas ondas. Assim, a olivina concentrada produz a cor verde que caracteriza Kourou.

Referências:

A costa da Guiana Francesa (acesso em 2024): https://www.researchgate.net

A areia de Kourou (acesso em 2024): https://fantasticroutes.com 

Pointe des Roches (acesso em 2024): https://cnes.fr  

 


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