3 de maio de 2023

A geologia das praias coloridas do Oceano Pacífico

Por Marco Gonzalez

Representação de cada uma das seis cores (branca, preta, roxa, vermelha, rosa e verde) encontradas nas areia das praias selecionadas nas margens do Oceano Pacífico (Adaptação das imagens utilizadas neste texto).

São descritas as principais causas geológicas das cores das areias de algumas praias coloridas banhadas pelo Oceano Pacífico.

Oceano Pacífico

Cronologia do tectonismo de placas

A cronologia do tectonismo de placas do Oceano Pacífico pode ser resumida assim:
  • 750 milhões de anos – com o início do rompimento do Rodínia, surgiu o Oceano Pantalássico, predecessor do Pacífico.
  • 400 milhões de anos – iniciada a formação Pangea, ocorreu a separação do Oceano Paleo Tétis a leste do Pantalássico.
  • 180 milhões de anos – a fragmentação do Pangea revelou as fendas originárias do Oceano Atlântico, a moderna Placa do Pacífico nasceu e, juntamente com as que a circundavam (Farallon, Kula e Izanagi), passou a crescer rapidamente.
  • 167 milhões de anos – o fundo do mar se espalhou para oeste do Pangea desenvolvendo as placas do Pacífico e também de Kula e Farallon, além de uma quarta placa, a Phoenix, que teria existido durante a maior parte do Mesozoico.
  • 150 milhões de anos – a litosfera dos oceanos Pacífico e Pantalássico (os dois maiores oceanos do Mesozoico e do Cenozoico) já estava em grande parte perdida devido a diferentes e importantes processos de subducção, dificultando a reconstrução desta história geológica.
  • 140 milhões de anos – a porção sul do Pangea (o Gondwana) começou sua fragmentação e o Pacífico passou a ser pressionado pela América do Sul, de um lado, e por Austrália e Antártica, de outro.
  • 50 milhões de anos – a Terra quase assumia sua configuração atual e, ao longo do tempo, a Placa do Pacífico foi se expandindo (já alcançava 2/3 de sua área atual) e passou a ter movimento transcorrente com a Placa Norte-Americana, na região da falha de San Andreas, enquanto a Placa Farallon se transformava nas placas Juan de Fuca e Gorda, no norte, e nas placas de Cocos e Nazca, mais ao sul.
  • 30 milhões de anos – no norte, a Placa Kula foi subduzida sob o Alasca e desapareceu.
Relevo da região do Oceano Pacífico e características de suas placas tectônicas (Adaptado de: NOAA - M.Bitton/Phys.org - Gringer - USGS) (P.C. = Placa do Caribe).

A placa tectônica do Pacífico

A placa do Pacífico possui as seguintes principais características:
  • é a maior da Terra;
  • é limitada a leste por quatro placas menores: Nazca, Cocos, Gorda e Juan de Fuca;
  • sua borda ocidental está sendo subduzida sob as placas Eurásia, Filipinas e Indo-Australiana;
  • abriga muitos hotspots, um grande número de montes submarinos vulcânicos e grandes áreas vulcânicas do Cretáceo conhecidas como Grandes Províncias Ígneas; e
  • dois de seus destaques são a Trilha do Hotspot Havaiano e o "Anel de Fogo".

Trilha do Hotspot Havaiano: trilha que se estende por quase 6.000 km, constituída pela Cadeia Submarina do Imperador, mais a noroeste, e a Cordilheira Havaiana, mais a sudeste, separadas pela clássica curva de 60º, realizada há ~47 milhões de anos, que revelou uma alteração de direção de avanço da Placa do Pacífico.
Hotspot: tipo de vulcanismo onde a placa tectônica se move, enquanto a fonte estacionária de calor vai produzindo um rastro de inúmeras erupções, interrompendo as atividades de um vulcão e iniciando outro mais adiante.
Anel de Fogo: zona de grande atividade sísmica e vulcânica ao longo do perímetro da Placa do Pacífico, principalmente a oeste, norte e leste.

Estrutura e composição

A história geológica do Pacífico configurou este oceano com uma estrutura assimétrica, o que exclui a possibilidade de seu desenvolvimento a partir de um único centro ou de uma única região. Suas partes ocidental e oriental são diferentes em relevo, tectônica e desenvolvimento. O Pacífico Ocidental se distingue pelas planícies abissais, tem crosta do Jurássico-Cretáceo na porção central e sua Margem Continental Ativa é do Cenozoico. O Pacífico Oriental tem construção mais simples e mais uniforme, principalmente em sua crosta do Cenozoico.

Planície abissal: área extensa de fundo oceânico com topografia suave a plana, geralmente com mais de 4.000 m de profundidade, atectônica ou com pouco tectonismo.

O vulcanismo do Pacífico é 80 a 90% basáltico, principalmente toleítico. As formações sedimentares substituíram gradualmente as formações vulcânicas e, no Cenozoico, tornaram-se dominantes. Entre as formações sedimentares, as biogênicas são relativamente mais diversificadas e aquelas desenvolvidas no Cretáceo são as mais difundidas.

Com mais de 155 milhões de km², com uma profundidade média de 4.000 m e cobrindo mais de 30% da superfície da Terra, o Pacífico ainda é o maior oceano da Terra e já foi maior quando todos os continentes estavam unidos no Pangea. Sua tendência, porém, é de diminuição, enquanto a América do Norte e a América do sul avançam para o oeste, ampliando o Oceano Atlântico. Porém, enquanto o Pacífico existir, ostentará diversas praias coloridas, como as que estão localizadas nas figuras que seguem.

Localização das praias coloridas selecionadas banhadas pelo Oceano Pacífico (Adaptado de: Solar System Scope).

Localização das praias coloridas selecionadas no Arquipélago do Havaí (Adaptado de: Girlcake/NASA).

Referências:

Geologia do Pacífico (acesso em 2023): lithology.ru

Geologia do Pacífico (acesso em 2023): agupubs.onlinelibrary.wiley.com

Geologia do Pacífico (acesso em 2023): www.scotese.com

Geologia do Pacífico (acesso em 2023): www.ncbi.nlm.nih.gov

A trilha do hostpot havaiano (acesso em 2023): pubs.usgs.gov

Pacífico (acesso em 2023): oceanexplorer.noaa.gov

Praias de areia branca

Praia Hyams

Localização: na Baía Jervis, na costa sudeste de Nova Gales do Sul, na Austrália.

Praia Hyams (Crédito: Charliekay).

Devido às movimentações das placas tectônicas, houve muitas fases de crescimento continental na Austrália, acompanhadas de atividade vulcânica, intrusão de granitos e sedimentação, bem como dobramentos e falhamentos. Embora as rochas mais antigas do sudeste da Austrália tenham ~1,7-1,6 bilhões de anos, as datadas dos últimos 800 milhões de anos representam quatro grandes movimentações de placas tectônicas:
  • desmembramento do Rondínia há 800-600 milhões de anos;
  • colisão entre a Placa Indo-Australiana (em desenvolvimento) e a do Pacífico há 530-230 milhões de anos;
  • separação de Pangea e Gondwana há 223-65 milhões de anos; e
  • abertura do Mar da Tasmânia iniciada há ~90 milhões de anos.
Há ~6.000 anos, quando o nível do mar parou de subir, a Baía Jervis assumiu sua forma atual. A região tem uma topografia ondulada constituída por rochas sedimentares ricas em quartzo pertencentes ao Grupo Shoalhaven do Permiano. São arenitos, de origem fluvial a terrestre, intercalados com folhelhos e argilitos, de ambiente marinho. Datam de ~280-225 milhões de anos e são cobertos por sedimentos aluviais do Terciário, nas áreas mais baixas, trazidos pelo vento e pela água. Sedimentos do Quaternário cobrem os aluviões finos.

Na Baía Jervis, a Praia Hyams ainda ostenta a fama de ter a areia mais branca do mundo com direito a suposto recorde do Guinness. No entanto, este é um recorde falso pois o Guinness World Records nem tem esta categoria. De qualquer modo, sua areia é muito branca e fina, constituída por grãos de quartzo arredondados quase puros e quase transparentes. Esta areia apresenta o mesmo chiado, quando se caminha sobre ela, ouvido em outras praias do mundo onde há abundância de quartzo.

Referências:

Geologia da Austrália Oriental (acesso em 2023): xplorpak.geoscience.nsw.gov.au

Geologia da Austrália Oriental (acesso em 2023): austhrutime.com

Geologia da Austrália (acesso em 2023): www.ga.gov.au

Geologia da Baía Jervis (acesso em 2023): www.wbacc.gov.au

Grupo Shoallhaven (acesso em 2023): www.bioregionalassessments.gov.au

Grupo Shoallhaven (acesso em 2023): ro.uow.edu.au

Praia australiana mais branca (acesso em 2023): theconversation.com

Praia Hyams (acesso em 2023): paradise.docastaway.com

Praia de Hatenohama

Localização: no Arquipélago de Ryukyu, 5 km a leste da Ilha de Kume e 90 km a oeste da Ilha Okinawa, em águas do Japão

Visão aérea do alinhamento (~N70ºE) das ilhotas em cuja porção central está localizada a Praia Hatenohama (Crédito: Ministério de Terras, Infraestruturas, Transportes e Turismo do Japão).

O Arquipélago Ryukyu é uma das manifestações da subducção da margem noroeste da Placa das Filipinas sob a Placa da Eurásia. Neste arquipélago, as ilhas de recife do Holoceno são formadas inteiramente por bioclastos produzidos em recifes próximos, em resposta a alterações do nível do mar. Resultam da combinação de processos geológicos, físicos e ecológicos. A diversidade em tamanho, constituição e dinâmica destas ilhas se deve, portanto, a fatores ambientais, tais como ondas, correntes, ciclones, distribuição de organismos construtores de recifes e vegetação terrestre. Neste ambiente, processos de erosão, deposição e cimentação de sedimentos podem ocorrer simultaneamente.

Ilha de recife: ilha formada em zona supratidal, resultante da concentração de material derivado de recife.
Supratidal: zona que está acima do nível da maré alta e é inundada apenas em grandes cheias ou durante tempestades.
Recife: acúmulo de sedimentos ou rochas sedimentares, mais comumente produzido por organismos que secretam conchas, como os corais.
Coral: termo genérico usado para descrever um grupo de cnidários. Indica a presença de material esquelético que está embutido no tecido vivo ou envolve o animal completamente.
Cnidário: animal multicelular com algum grau de construção de tecido, incluindo os corais duros.
Coral duro ("hard coral" ou "stony coral"): coral da ordem antozoária Scleractinia. Possuem um esqueleto calcário externo duro.
Recife de coral: agrupamento de corais vivos, desenvolvidos normalmente em águas quentes e rasas do mar, subindo até próximo da superfície. Fornecem habitat crítico para grande variedade de peixes e invertebrados marinhos e protegem as costas contra a erosão, fazendo com que grandes ondas se quebrem e percam um pouco de sua força antes de chegar à terra.

No arquipélago de Ryukyu, a Praia de Hatenohama (ou Hate no Hama) está situada na porção central de um alinhamento de ilhotas de areia considerado o maior grupo, no Japão, deste tipo de ilhotas. É constituído pelas ilhotas Menuhama, Nakanuhama e Hatinuhama, alcançando no total ~7 km de comprimento e largura máxima de 300 m de areia branca. A forma e a posição destas ilhotas mudam frequentemente. Em dois anos, houve expansão para o norte após tufões e, após, migração gradual para o sul, enquanto a parte norte era corroída pelas monções de inverno.

Ilhota de areia ("Sand Cays"): tipo de ilha de recife cuja areia de coral é depositada em condições não tempestuosas.

Referências:

Ilhas de recife (acesso em 2023): www.airies.or.jp

Arquipélago de Ryukyu (acesso em 2023): earthquake.usgs.gov

Hatenohama (acesso em 2023): confit.atlas.jp

Hatenohama (acesso em 2023): www.gltjp.com

Praias de areia preta

Praia Punalu'u

Localização: no lado sudeste da Ilha Havai'i (Ilha Grande), no Arquipélago do Havaí.

Praia Punalu'u (Crédito: Diego Delso).

Na costa leste da Ilha Grande, as areias das praias são pretas, comprovando a herança do vulcanismo do tipo hotspot ativo. Rios de lava dos vulcões Mauna Loa e Kīlauea descem até o oceano e entram em contato com a água fria do mar. O resfriamento rápido e a ação das ondas e das marés produzem muitos fragmentos minúsculos de rocha triturada que são depositados ao longo da costa em praias como Punalu'u. Este processo, repetido ao longo de séculos produz material suficiente para cobrir baías inteiras com areia preta finamente moída e recém forjada.

A Praia Punalu'u está localizada em uma baía em forma de meia-lua isolada e varrida pelo vento nas proximidades da cidade cafeeira de Na'alehu. O nome da praia, que significa "água de nascente onde se mergulha" em havaiano, faz referência à variedade de fontes de água doce que alimentam a baía.

Referências:

Punualu'u (acesso em 2023): bigisland.org

Praia Black Sands

Localização: em Shelter Cove, no Condado de Humboldt, na Área de Conservação da Cordilheira King, na California, nos EUA.

A Praia de Black Sands (Crédito: Marelbu).

As Cordilheiras Costeiras, na costa norte da Califórnia, nos EUA, são sustentadas por rochas do Mesozoico e do Cenozoico pertencentes ao Complexo Franciscano e por remanescentes estruturais de um ante-arco do Mesozoico. Estão na região do encontro da Placa Norte-Americana com a Placa Gorda, na subducção de Cascadia, com o envolvimento da Placa do Pacífico e ao longo da Falha de San Andreas.

Ante-arco (forearc, em inglês): zona ou faixa entre um arco magmático e uma zona de subducção.
Arco magmático: faixa ou cinturão curvilíneo de ocorrências de vulcões acima de uma zona de subducção.

O Complexo Franciscano, um cinturão costeiro acrecionário, é subdividido em três partes, os cinturões Leste, Central e Costeiro, sendo ainda cada um destes subdivididos em vários terrenos estruturais. O terreno da Cordilheira King, do Mioceno Médio, pertencente Cinturão Costeiro, sofreu cisalhamento, boudinage e extensivos dobramentos e é dividido em duas unidades estruturais:
  • King Peak, mais jovem, é constituída por uma sequência de argilito calcário e arenito de grão fino, além de zonas esporádicas contendo argilito, arenito, conglomerado e rochas vulcânicas basálticas.
  • Point Delgada inclui uma sequência de derrames basálticos em almofada, intercalados localmente por argilitos calcários e calcários. As rochas vulcânicas são sobrepostas por argilito com clastos, recoberto por meta-arenito arcósico e argilito.

Acreção: adição de arco de ilha ou material continental a um continente por meio de colisão, soldagem ou sutura em um limite de placa convergente.
Boudinage: processo de deformação de camadas, bandas ou lentes mais competentes e rúpteis, que se fragmentam em forma de salsichas ("boudins", em francês) ao serem estiradas dentro de material rochoso mais dúctil e que se escoam quando o conjunto sofre esforços compressivos ou extensionais.
Lava em almofada ("pillow lava"): estrutura vulcânica característica de derrames sub-aquáticos, geralmente basálticos, em que a lava é extrudida (expulsa) de um duto ou chaminé (à semelhança de pasta de dente espremida) e bruscamente resfriada pela água do mar.

A Praia Black Sands, de Shelter Cove, está localizada na Área de Conservação de King Range, nas proximidades do promontório que deu nome à Unidade Point Delgada. Nesta região da Cordilheira King, ocorrem rochas desta unidade, cuja erosão deu origem às areias da Praia Black Sands.

Referências:

Geologia da costa norte da Califórnia (acesso em 2023): www.researchgate.net

Geologia da costa norte da Califórnia (acesso em 2023): pubs.usgs.gov

Área de Conservação Nacional da Cordilheira King (acesso em 2023): www.californiabeaches.com

Point Delgada (acesso em 2023): coastview.org

Praia de areia roxa

Praia Pfeiffer

Localização: na costa de Big Sur, na Califórnia, nos EUA

Praia Pfeiffer (Crédito: Pamela Ocampo).

Distando 240 km ao sul de São Francisco e 480 km ao norte de Los Angeles, Big Sur é um trecho do litoral no oceano Pacífico que se estende por 145 km da costa rochosa da Califórnia. Estas terras mexicanas, então conhecidas como "El Sur Grande", foram doadas aos EUA na década de 1830. Porém, somente há pouco mais de um século, Big Sur viu os primeiros colonos chegarem, como é o caso da família Pfeiffer que acabou dando nome à praia de areia roxa desta região.

Na costa de Big Sur, são comuns rochas metamórficas com alta concentração de cristais de granada. Estas rochas são formadas nas proximidades da zona de subducção da Placa do Pacífico sob a Placa Norte-Americana. A Praia de Pfeiffer, na costa de Big Sur, tem sua areia constituída por quartzo, mas é a granada que lhe confere a cor roxa em boa parte de sua área. Há locais em que a granada e outros minerais, como epidoto, magnetita e zircão, são tão abundantes que a areia assume uma cor púrpura intensa.

Referências:

Do que é feita a areia (acesso em 2023): www.nature.com

Geologia da Califórnia (acesso em 2023): www.researchgate.net

Pfeiffer (acesso em 2023): www.sandatlas.org

Big Sur (acesso em 2023): www.bigsurcalifornia.org

Praias de areia vermelha

Praia Kaihalulu

Localização: ao sul na Baía de Hana, na base de Ka'uiki Head, na Ilha de Mau'i, no Arquipélago do Havaí.

Praia Kaihalulu, junto à escarpa de Ka'uiki Head (Crédito: Anton Repponen).

A Ilha de Mau'i, pertencente à Cordilheira Havaiana, em cuja costa leste está localizada a Praia de Kaihalulu, é composta por dois vulcões-escudo, West Mau'i e East Mau'i, unidos por um istmo. O vulcão East Mau'i (ou Haleakalā) se encontra no estágio pós-escudo alcalino do vulcanismo de hostpot havaiano, iniciado há ~900 mil anos. Seu fluxo de lava mais antigo tem cerca de 1,1 milhão de anos e é representado pelo Basalto Honomanu.

Na Baía de Hana, o Basalto Honomanu produziu Ka'uiki Head, um cone de cinzas vulcânicas ricas em ferro, de cor avermelhada, situado nas proximidades da Praia Kaihalulu. É deste cone de cinzas que vem a areia da Praia Kaihalulu.

Referências:

Geografia de Mau'i (acesso em 2023): www.to-hawaii.com

Geologia de Maui (acesso em 2023): www.usgs.gov

Kaihalulu (acesso em 2023): htourshawaii.com

Praia de Rábida

Localização: no Arquipélago de Galápagos, 1.000 km a oeste do Equador.

A Ilha Rábida e a praia, acima (Crédito: Stephen Montgomery), e iguanas marinhas nas rochas junto à praia, abaixo (Crédito: MM).

O Arquipélago de Galápagos é constituído por ilhas formadas por vulcanismo do tipo hotspot nos últimos 4 ou 5 milhões de anos na Placa Nazca. Esta placa, que está em processo de subducção sob a Placa Sul-Americana, move-se ~5 cm/ano para leste-sudeste, estando as ilhas mais antigas à sudeste.

Entre as mais jovens deste arquipélago, a Ilha Rábida tem entre 0,7 e 1,5 milhões de anos e apresenta uma grande variedade de tipos de rochas, incluindo basalto, ferro basalto, islandito e traquito, além de uma variedade de xenólitos gabroicos. Esta variedade resultou de cristalização fracionada, durante o processo de resfriamento do magma.

Ferro basalto: basalto com alta proporção Fe/Mg nos minerais máficos, como ferro-hiperstênio e ferro-augita.
Islandito: rocha andesítica com minerais máficos de alta proporção Fe/Mg e caracterizada por ausência ou escassez de hornblenda.

Rábida é essencialmente um aglomerado de cúpulas coalescentes de lados íngremes, fluxos e cones piroclásticos. Alguns destes cones são provavelmente muito mais jovens e erodem rapidamente. A cor vermelha da areia da praia resulta da oxidação do material vulcânico rico em óxidos de ferro e magnésico.

Despovoada, a ilha tem seu nome emprestado do convento La Rabida onde Cristóvão Colombo (1451-1506) deixou seu filho, em 1492, quando iniciou a viagem em que descobriu as Américas. A ilha também é conhecida como Ilha Jervis, nome dado em homenagem ao almirante britânico John Jervis (1735-1823).

Referências:

Geologia das Ilhas Galápagos (acesso em 2023): darkwing.uoregon.edu

Geologia de Galápagos (acesso em 2023): www.geol.umd.edu

Geologia da Ilha Rábida (acesso em 2023): ui.adsabs.harvard.edu

Ilha Rábida (acesso em 2023): www.gogalapagos.com

Praia Roja

Localização: entre Lagunillas e Punta Santa María, na Reserva Nacional de Paracas, na Península de Paracas, no Peru.

Praia Roja (Crédito: Inti Runa Viajero).

Na porção central da costa peruana, encontra-se a Península de Paracas, que tem seu nome emprestado dos "paracas", ventos fortes acompanhados de tempestades de poeira e areia. A erosão mais recente é puramente eólica nesta região que é mais desértica que o restante da costa do Peru. A secura é causada pelas baixas temperaturas do oceano Pacífico e pela Cordilheira de la Costa (mais baixa e menos conhecida que as cordilheiras Ocidental e Oriental do Peru), que bloqueia qualquer umidade que provenha do leste.

A Cordilheira de la Costa forma as partes altas da Peníndula de Paracas. É constituída por rochas sedimentares (as mais antigas de 600 milhões de anos) encimadas por rochas plutônicas (granitos e granodioritos) que surgiram em virtude do dobramento da crosta terrestre na região andina, causado pelo encontro das placas Nazca e Sul-Americana.

A Formação Paracas aflora dentro e ao redor da península de mesmo nome. Tem cerca de 35 a 40 milhões de anos (Eoceno superior) e é responsável pela cor amarelada típica da região. No cerro de Santa María e nas falésias, aflora um sienito intrusivo vermelho, correspondendo ao Batólito de San Nicolás, nas proximidades de Playa Roja. A erosão do substrato rochoso adjacente dá uma cor marrom avermelhada à areia de Playa Roja, ao liberar grãos do sienito vermelho, em contraste com os sedimentos amarelados e ocres oriundos das falésias da Formação Paracas.

Referências:

Geologia da Península de Paracas (acesso em 2023): www.igp.gob.pe

Reserva Nacional de Paracas (acesso em 2023): repositorio.ingemmet.gob.pe

Praia de areia rosa

Praia Pink Sand

Localização: no lado oeste da Ilha de Rangiroa, no arquipélago de atóis de Tuamotu, na Polinésia Francesa.

Praia de Rangiroa (Crédito: dany13).

Na Polinésia Francesa, o arquipélago de Tuamotu está assentado no planalto de mesmo nome, na Placa do Pacífico. É uma formação vulcânica com característica linear de tendência noroeste para sudeste. Assemelha-se à Cadeia Havaiana, o que sugere a mesma associação com um hotspot. O planalto tem ampla superfície elevada, com pináculos vulcânicos discretos, dos quais os maiores são agora atóis cobertos de recifes.

Dos 425 atóis conhecidos, a Polinésia Francesa contém 85, formando a maior cadeia de atóis do mundo. Somente o arquipélago de Tuamotu é constituído por 77 atóis e Rangiroa é o maior deles e um dos maiores da Terra. Com ~80 km de comprimento e largura entre 5 e 32 km, em forma elíptica, Rangiroa consiste de 415 pequenas ilhas de recife. Estas ilhas cercam uma lagoa, com até 35 m de profundidade, que se conecta ao oceano através de dois canais principais que permitem navegação.

Atol: conjunto de ilhotas de recife em forma de ferradura ou circular, circundando uma lagoa e coroando um sistema de recifes de corais, acima e no entorno de um monte vulcânico oceânico.

Rangiroa (nome que significa "Vasto Céu") surgiu após a extinção de uma ilha vulcânica e a formação de um recife de coral. Além de seus vinhedos, únicos no mundo, que crescem à beira da lagoa central, junto a coqueiros, Rangiroa é conhecida pela Praia Pink Sand, que tem areia cor-de-rosa devido às conchas quebradas de foraminíferos presentes nela.

Formação de recife de coral: à medida que um vulcão vai se extinguindo, ele esfria e adensa-se. Quando começa a afundar na água, um coral cresce ao redor da sua borda, iniciando a formação do recife. Com o tempo, o vulcão continua a afundar e o recife, inicialmente em forma de franja, transforma-se em uma barreira de coral. Esta barreira se afasta do vulcão e surge uma lagoa. Eventualmente, o vulcão afunda completamente sob a água e o recife permanece.
Foraminíferos: organismos unicelulares com conchas avermelhadas. Suas conchas podem ser constituídas por compostos orgânicos, grãos de areia (ou outras partículas cimentadas entre si) ou carbonato de cálcio. Alguns flutuam na água, mas a maioria vive na areia, na lama ou entre rochas ou plantas no fundo dos oceanos.
São abundantes como fósseis nos últimos 540 milhões de anos, podendo, em alguns locais, muito mais que centenas de conchas destes organismos estar contidas em 1 cm³ de sedimento.

Referências:

Planalto de Tuamutu (acesso em 2023): www.soest.hawaii.edu

Rangiroa (acesso em 2023): farandawayadventures.com

Rangiroa (acesso em 2023): www.livingoceansfoundation.org

Praia de areia verde

Praia Papkolea

Localização: na Baía Mahana, no Ponto Sul da Ilha Havai'i (Ilha Grande), no Arquipélago do Havaí.

A Praia Papakolea, acima (Crédito: Wasif Malik), e um punhado da areia desta praia com cristais de olivina, abaixo (Crédito: Brian W. Schaller).

Havai'i, a maior ilha do arquipélago do Havaí, é lar de cinco vulcões. Os três menos ativos e mais antigos são Mauna Kea, Hualālai e Kohala. Os dois mais jovens e mais ativos são Kīlauea e Mauna Loa ("Montanha Longa" em havaiano), o vulcão ativo de maior volume da Terra.

Há mais de 49 mil anos, a partir de uma fenda sudoeste do vulcão Mauna Loa, foi formado o cone vulcânico Pu`u Mahana ("colina quente" em havaiano), que circunda a Baía de Mahana. Este cone, rico em olivina, já desmoronou parcialmente e tem sido erodido pelas ondas do mar. A olivina é componente mineral comum das lavas havaianas, sendo um dos primeiros cristais a se formar a medida que o magma esfria.

A Praia Papakolea, cujo nome foi herdado das aves que vivem na região, tem a cor verde de sua areia devido à presença de cristais de olivina originados do Pu`u Mahana. Partículas mais leves, como fragmentos de cinzas, vidros e piroxênios negros são levados embora, enquanto a olivina, um silicato de ferro e magnésio, sendo mais pesada, fica na areia da praia. A olivina também é eventualmente levada pela água, mas a erosão constante do Pu'u Mahana garante seu suprimento pelo menos ainda por bom tempo.

Referências:

Geologia da Ilha Grande do Havaí (acesso em 2023): movingtokona.com

Mauna Loa (acesso em 2023): www.usgs.gov

Praia Papakolea (acesso em 2023): epod.usra.edu/blog

Praia Papakolea (acesso em 2023): www.geologyin.com

 

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