Por Marco Gonzalez
(A) Lagos próximos da Cordilheira do Alasca, no Alasca, formados por recuos de geleiras.
(B) Um rato de carga (Neotoma cinerea) conhecido como "rato-da-madeira-norte-americano-de-cauda-espinhosa".
(C) Uma foca-comum ou foca-do-porto (Phoca vitulina) de Helgoland, uma ilha do Mar do Norte, na costa da Dinamarca.
(D) Parreirais de Borgonha, em Côte de Beaune, na França.
(Créditos: Beeblebrox/A, R. B. Forbes/B, Andreas Trepte/C e nikorretro/D).
Este artigo faz parte da série Paleoclimatologia e contém informações sobre margem lacustre, monturo de ratos de carga, pele de foca e documento histórico como arquivos proxies climáticos.
3.6.1. Margem Lacustre
Dado proxy climático | Fonte |
características do paleonível da água | margem |
O nível da água em lagos pode depender de alterações no equilíbrio de umidade (precipitação menos evaporação) no interior das suas bacias. Em um lago de bacia fechada, particularmente em região árida, as flutuações do nível da água podem ser drásticas, resultando em depósitos de costa fóssil e outras características indicativas daqueles níveis no passado. Estes registros de níveis da água permitem reconstruir o equilíbrio de umidade e o histórico climático da bacia lacustre.
Lago Mono, na Califórnia, EUA, formado há pelo menos 760 mil anos.
A bacia onde está localizado foi construída por forças geológicas ao longo dos últimos 5 milhões de anos.
(Crédito: Dicklyon).
3.6.2. Monturo de Ratos de Carga
Dados proxies climáticos | Fonte |
razão isotópica, composição química e composição física | fragmento |
Monturos de ratos de carga ("pack rat middens") podem conter diversos tipos de materiais, como restos vegetais, madeira, pólens, insetos, conchas, sementes, ossos e outros detritos coletados em locais próximos.
Rato de carga (pack rat): roedor da subfamília Sigmodontinae da família Muridae. Possui cauda longa, orelhas grandes e grandes olhos pretos. Geralmente com hábitos noturnos, frequentemente carrega pequenos itens (galhos, esterco, vegetais, etc) que acumula em sua casa. Sinônimo: rato da madeira (woodrat). |
O material acumulado por estes ratos em cavernas ou fendas secas é, com o tempo, cimentado por grandes massas de urina cristalizada. Podem ser preservados por dezenas de milhares de anos. A análise do conteúdo isotópico destes detritos pode indicar características climáticas do ambiente local no momento em que foram coletados.
Monturo de rato de carga do Pleistoceno no Canyon Guadalupe do nordeste da Baixa Califórnia, no México.
(Crédito: Julio Betancourt).
3.6.3. Pele de Foca
Dados proxies climáticos | Fonte |
razão isotópica, composição química e composição física | fragmento |
A pele e o pelo de focas têm sido usados por milhares de anos na confecção de roupas e calçados quentes e impermeáveis. Neste material estão contidos isótopos de elementos, como carbono e nitrogênio, que as focas acumularam a partir das presas que consumiram. A estrutura da cadeia alimentar no passado e, em consequência, as condições ambientais da época podem ser inferidas das concentrações dos diferentes isótopos analisados.
3.6.4. Documento Histórico
Dados proxies climáticos | Fontes |
dado quantitativo | texto |
dado qualitativo | imagem |
Alguns documentos históricos contém informações relevantes qualitativas e quantitativas sobre climas do passado. Observações sobre condições climáticas e meteorológicas podem ser encontradas em registros náuticos, diários de viajantes, relatos de jornais, registros de igrejas, datas documentadas de colheitas (de uva e de outras safras) e outros registros escritos ou gráficos, além de fotos e pinturas.
Organização da colheita da uva da Borgonha em 1487.
Página do livro de contabilidade da Igreja de Notre-Dame de Beaune dos Archives départementales de la Côte d'Or ("Arquivos departamentais da Côte d'Or").
(Crédito: Thomas Labbé).
Datas históricas de colheitas de uvas na França de 1370 a 1879, por exemplo, foram usadas para reconstruir temperaturas de verão, entre abril e setembro. Registros de datas de colheita de uva são os dados fenológicos contínuos mais antigos e mais longos da Europa. Têm sido usados repetidamente desde o final do século XIX para reconstruir variações climáticas passadas e, nas duas últimas décadas, para reconstruir a temperatura de períodos primavera-verão anteriores aos registros instrumentais. Modelos estatísticos mostram que estes são dados proxies muito confiáveis para reconstruir temperaturas a longo prazo.
Fenologia: ciência que estuda o tempo e os padrões cíclicos de eventos no mundo natural, particularmente aqueles relacionados aos ciclos de vida anuais de plantas, animais e outros seres vivos. |
Paleoclimatologia - o clima do passado geológico
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