12 de março de 2018

Alumínio: produção e mercado

Por Marco Gonzalez


Embarque de bauxita da Mineração Rio do Norte no rio Trombetas, município de Oriximiná, Pará
(por Carolina Franco)

Em março, com a justificativa de proteger a segurança nacional, o presidente dos EUA anunciou uma sobretaxa de 10% sobre o alumínio importado por aquele país.

Neste contexto, são revisados aqui os principais dados sobre o alumínio, desde sua produção até sua atual situação de mercado.


Processo de produção do alumínio e aplicações

Basicamente, a produção do alumínio pode ser primária ou secundária. Na produção primária, a mineração de depósitos de bauxita e a realização de processo eletrometalúrgico constituem as duas etapas da sua obtenção. Na produção secundária, produtos de sucata reciclada são a fonte do alumínio.

Após a extração da bauxita, na produção primária do alumínio, passa-se ao refino, onde o processo Bayer é o mais usualmente adotado. Em seguida é realizada a eletrólise, onde são separados os elementos químicos presentes. 

Processo de produção primária de alumínio com balanço de massa esquemático (fonte)

Cerca de 95% de toda a bauxita lavrada no mundo é destinada à produção de alumina (óxido de alumínio Al₂O₃) e, em geral, para cada 5.268 kg de bauxita, são produzidos 1.000 kg de alumínio. 

Obtido o alumínio, na etapa seguinte pode ocorrer lingotamento (são produzidos lingotes) ou fundição contínua por vazamento vertical (são produzidos tarugos) ou fundição contínua por vazamento horizontal (são produzidas placas e barras).

O alumínio pode ter aplicações em bens de consumo, no setor automotivo e de transporte, na construção civil, em embalagens, na indústria elétrica, em máquinas e equipamentos e em outros setores, incluindo desde pigmentos à propulsão de foguetes.

Reservas de bauxita

A reserva brasileira de bauxita é a 4ª maior no mundo. As reservas globais são estimadas entre 55 bilhões e 75 bilhões de toneladas. Elas se localizam na África (32%), na Oceania (23%), na América do Sul e Caribe (21%), na Ásia (18%) e em outros locais (6%).


Reservas estimadas de bauxita em 2017 (fonte: USGS)

mineração da bauxita é geralmente realizada a céu aberto, sendo ela quase sempre encontrada próximo à superfície. Suas reservas globais comprovadas e economicamente viáveis ​​são suficientes para atender pelo menos mais 100 anos da demanda atual. 

Produções de bauxita, alumina e alumínio

O Brasil tem a 4ª maior produção de bauxita no mundo.


Produção estimada de bauxita em 2017 (fonte: USGS)

Na produção mundial de alumina, o Brasil fica com a 3ª posição.

Produção estimada de alumina em 2017 (fonte: USGS)

A produção brasileira de alumínio é a 10ª no ranking mundial. 


Produção estimada de alumínio em 2017 (fonte: USGS)

A situação americana

Em 2017, foram consumidas nos EUA 4,2 milhões de toneladas de bauxita (US$ 130 milhões), 15% menos que em 2016. Quase toda essa bauxita consumida foi importada. 

A produção de alumínio primário, nos EUA em 2017, diminuiu pelo quinto ano consecutivo. Foi 12% menor que a de 2016 e 64% menor que a de 2012. Atingiu o nível mais baixo desde 1951.

Em abril de 2017, o Presidente dos EUA encarregou o Secretário de Comércio de investigar o impacto das importações de alumínio na segurança nacional daquele país. A investigação examinou fatores que afetam a concorrência entre países produtores e exportadores de alumínio, incluindo os EUA, bem como características da indústria, tendências comerciais recentes, pontos fortes e fracos competitivos, fatores relacionados ao aumento da capacidade e ao efeito das políticas governamentais sobre produção e comércio de alumínio.

Os estoques, incluindo o alumínio primário e as ligas de alumínio, em armazéns vinculados à London Metal Exchange nos Estados Unidos, diminuíram de 362 mil toneladas no final de ano de 2016 para cerca de 260 mil toneladas em meados de outubro de 2017.

O alumínio brasileiro

No Brasil, as minas de bauxita se distribuem em 5 estados, havendo refino de alumina no Pará, em Minas Gerais e em São Paulo.


Minas de bauxita e refinarias de alumina no Brasil em operação em 2017 (fonte: ABAL)

Há 9 empresas produzindo bauxita no Brasil, sendo 4 as que produziram mais de 2 milhões de toneladas em 2015.

Empresas no Brasil
Produção de bauxita em 2015
(em 1.000 t, base úmida)
Localização
Mineração Rio do Norte S.A. (MRN)
17.820
Trombetas (PA)
Mineração Paragominas S.A. (Hydro)
10.060
Paragominas (PA)
Alcoa Alumínio S.A.
5.730
Juruti (PA) e
Poços de Caldas (MG)
Companhia Brasileira de Alumínio (CBA)
2.120
Itamarati*,
Cataguases e
Miraí (MG)
Outras**
1.330

Total
37.060

Produção brasileira de bauxita por empresa em 2015 (fonte: ABAL)
* Encerrou a produção em 2015
** Hindalco, Mineração Curimbaba, Bauminas Mineração, Mineração Santo Expedito
e Mineração Varginha

Em 2016 foram exportadas 495 mil toneladas de alumínio e importadas 534 mil toneladas, com um saldo de US$ 2.238 milhões.


Exportações e importações brasileiras (fonte: ABAL)

É sempre importante ter em mente que quedas na comercialização de qualquer commodity não afetam apenas as empresas produtoras. Neste sentido, a seguir são apresentados os indicadores brasileiros e do Pará, nos últimos anos, quanto ao desenvolvimento em nível social e econômico relacionado à mineração de bauxita.


Indicador
Valor
Número de empregos diretos (Brasil, 2015)
4.739
Remuneração empregados diretos
(salários = benefícios + bônus, Brasil, 2014 - R$ milhões)
437,81
Salários e contribuições sociais
(Pará, 2014 - R$ milhões)
366,52
Participação da mineração de bauxita no PIB
(Brasil, 2014)
5,7%
Participação da mineração de bauxita no PIB (municípios do Pará, 2012)

• Juruti
• Oriximiná
• Paragominas
36,4%
17,8%
20,1%
Impostos e contribuições
(FGTS, INSS, PIS, COFINS, ICMS, demais impostos e taxas)
(Brasil, 2012 - R$ milhões)
288,35
Arrecadação da CFEM pela mineração de bauxita (Brasil, 2014 - R$ milhões)
59,00
Participação da CFEM da mineração de bauxita no total arrecadado (município do Pará, 2014)

• Juruti
• Oriximiná
• Paragominas
8,8%
9,0%
4,4%
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
(municípios do Pará, variação do IDHM entre 2010 e 2000)

• Juruti
• Oriximiná
• Paragominas
52,0%
20,5%
37,0%
Contribuição da mineração de bauxita
para o desenvolvimento social e econômico (fonte: ABAL)

2 comentários:

Unknown disse...

Nesse clima de histeria ambientalista, onde metais pesados perigosos conviveriam com mineração e refino de aluminio, seria importante conscientizar os formadores de opinião de que isso é impossível de acontecer.

Anônimo disse...

Gostaria de saber a origem de metais pesados perigosos que existem na produção de bauxita e alumina e quais são eles.

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