18 de novembro de 2019

As três primeiras minas brasileiras de cobre nos séculos XIX e XX: geologia e mineralização

Por Marco Gonzalez

As ocorrências encontradas no século XIX se transformaram nas primeiras jazidas brasileiras de cobre no Brasil:
  • Mina de Pedra Verde, no Ceará;
  • Minas do Camaquã, no Rio Grande do Sul; e
  • Mina da Caraíba, na Bahia.
Amostras de calcopirita (9 cm x 3 cm), à esquerda, e de Calcosina (8 cm x 4 cm), à direita, das Minas do Camaquã (fonte: Gonzalez)

Por suas importâncias econômicas, a geologia e a mineralização de cada uma foram objetos de intensos estudos. Segue um resumo dos resultados obtidos.

Geologia e mineralização da Mina de Pedra Verde

Na Formação Santa Terezinha, pertencente ao Grupo Martinópole, ocorre o "Filito Pedra Verde" que hospeda a mineralização. É um filito tabular carbonoso de clorita-calcita com biotita e com foliações, de coloração cinza escura. Constituída por calcopirita, bornita e, principalmente, calcosina, a mineralização de cobre desta mina é tida como concomitante com um estágio de carbonatação-silicificação-cloritização. A mineralização é strata-bound e os sulfetos podem ocorrer disseminados no filito ou em pequenas concentrações em fraturas, veios e vênulas.

Enriquecimento supergênico no filito Pedra Verde através de malaquita e azurita (cortesia de José Henrique Matos)

A jazida de Pedra Verde é um raro exemplo de depósito de cobre hospedado em rochas metassedimentares, sendo análogo aos depósitos do Congo-Zambian Copper Belt. Sua gênese, entretanto, parece se relacionar a processos predominantemente epigenéticos e, de qualquer forma, sua evolução metalogenética ainda está por ser totalmente desvendada.

Geologia e mineralização das Minas do Camaquã

Associada às unidades sedimentares e vulcanogênicas da Bacia do Camaquã, no Escudo Sul Riograndense, a Formação Arroio dos Nobres é representada pelos Membros Mangueirão e Vargas, sendo este último constituído por conglomerados petromíticos de granulometria variável e arenitos arcoseanos finos a médios. O Membro Vargas foi depositado em leques aluviais que progradaram sobre sedimentos deltaicos ou de águas rasas do Membro Mangueirão.

Na área das Minas do Camaquã, o Membro Vargas é subdividido, da base para o topo, em Arenito Inferior, Conglomerado Inferior (espessura de 120 metros), Arenito Intermediário (espessura de 25 metros), Conglomerado Superior (espessura de 200 metros) e Arenito Superior.

Perfil geológico esquemático das Minas do Camaquã (fonte: Gonzalez)

O minério das Minas do camaquã ocorre principalmente em conglomerados e arenitos em filões descontínuos. Lateralmente a estes, pode ocorrer minério disseminado, mas também há disseminação sem aparente associação com filões. Há prata e ouro associados.

As primeiras hipóteses sobre a origem das mineralizações de cobre nas Minas do Camaquã apontavam para fluídos hidrotermais magmáticos. Após a descoberta de concentrações expressivas de sulfetos disseminados e estratiformes nas rochas sedimentares, foi sugerida, no final da década de 1970, origem sedimentar singenética e diagenética com remobilizações. No início dos anos 1990, foi retomada a hipótese de origem hidrotermal magmática, do tipo cobre pórfiro.

Geologia e mineralização na Mina Caraíba

O deposito da Mineração Caraíba está localizado numa sequência de noritos, gabro-noritos e piroxenito. Estruturalmente, ele é representado por um sinforme com eixo mineralizado mergulhando para N-NW, boudinado e com uma falha no seu flanco leste.

mineralização do Distrito Cuprífero do Vale do Curaçá está associada a rochas básicas-ultrabásicas encaixadas em rochas metamórficas de alto grau do Grupo Caraíba. O minério da Mina Caraíba é constituído basicamente por calcopirita e bornita, estando a mina subterrânea localizada logo abaixo da mina a céu aberto, revelando a continuidade do mesmo corpo geológico.

Sobre a gênese da mineralização, estudos pioneiros enfatizaram os processos ortomagmáticos com controle estrutural das mineralizações. Alguns autores salientaram a importância dos processos metassomáticos e propuseram o modelo do tipo Iron Oxide-Copper-Gold (IOCG) para os depósitos do Vale do Curaçá.



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