Em 1774, o químico sueco Carl Wilhelm Scheele, enquanto trabalhava com pirolusita, basicamente um dióxido de manganês, conseguiu reconhecer o manganês como elemento químico. No mesmo ano, o metalúrgico, também químico e sueco, Johan Gottlieb Gahn descobriu que o dióxido de manganês podia ser reduzido ao metal manganês, usando carbono, e foi o primeiro a isolar este elemento em sua forma metálica.
Massa botrioidal brilhante de pirolusita de Três Cruzes, Brasil (Crédito: Aram Dulyan)
O manganés é um metal muito duro, quebradiço, de cor cinza esbranquiçada, encontrado na natureza em uma grande variedade de minerais, mas nunca de forma isolada. É vital nas funções metabólicas para a vida humana e animal e tem utilização em ligas na produção de aço e até em latas de refrigerante mais finas e resistentes.
Aplicações
Há registros de uso deste metal desde a Idade da Pedra, quando os artistas de pinturas rupestres usavam dióxido de manganês em suas artes. Nos períodos egípcios e romanos antigos, compostos de manganês já eram utilizados para dar cor ao vidro e, durante os séculos XVI a XIX, estudos químicos constataram que ele conferia mais dureza ao aço.
O Serviço Geológico dos EUA (USGS) considerou o manganês um "mineral crítico" por ser essencial para a economia e existir riscos na interrupção no seu fornecimento. Além de ter importância crescente por sua utilização cada vez maior em tecnologias emergentes, o manganês não tem substituto satisfatório em suas principais aplicações.
Ele é o quarto metal mais negociado no mundo, após alumínio, ferro e cobre. Cerca de 90% do consumo mundial de manganês é destinado à indústria siderúrgica. Entre as suas principais aplicações atualmente é utilizado:
- na produção do aço, para lhe conferir maior dureza e flexibilidade;
- em outras ligas ferromagnéticas;
- em despolarização de pilhas secas;
- no controle da coloração através da eliminação de impurezas do vidro e na coloração de plásticos, revestimentos em pó, esmaltes artísticos e cosméticos;
- como bactericida e algicida no tratamento de água e efluentes e como oxidante na síntese química orgânica;
- em alguns fertilizantes;
- em suplementos multivitamínicos e
- em tecnologias para energias limpas.
Reservas
Geralmente com teores que variam de 15% a aproximadamente 50%, os minérios de manganês, para se formarem, requerem um sistema geoquímico que concentre o manganês em cerca de 150 a 500 vezes a sua quantidade crustal média. Para tanto, são necessárias condições que evitem a concentração do ferro com o qual o manganês compartilha muitas semelhanças químicas. Praticamente todos os corpos de minério de manganês resultaram de transporte em soluções de água.
O manganês elementar se combina com oxigênio, carbono e silício para formar uma longa lista de minerais. Os mais comuns são óxidos e carbonatos. Entre os óxidos, a pirolusita e o criptomelano são os mais relatados, embora não necessariamente os mais volumosos. Os carbonatos mais comuns são rodocrosita e kutnohorita. Ainda podem ser citados, como minerais de manganês, o manganito e a braunita e ele também pode ocorrer em mineraloides como psilomelano e wad.
Alguns exemplos de minerais de manganês
(Clique em cada imagem para vê-la ampliada)
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As imagens acima mostram os seguintes minerais de manganês:
- Braunita: Amostra (1,7 x 1,6 x 1,1 cm) da mina de Wessels, África do Sul (Crédito: Rob Lavinsky).
- Criptomelano: Amostra (aproximadamente 6 cm na maior dimensão) da mina de Genebra, Michigan, EUA (Crédito: Mike Beauregard).
- Rodocrosita: Cristal (5,2 x 4,2 x 2,3 cm) da mina de Sweet Home, Colorado, EUA (Crédito: Rob Lavinsky).
- Kutnohorita: Amostra (4.7 x 3.4 x 3.0 cm) com aglomerado de Kutnohorita da mina de Wessels, África do Sul (Crédito: Rob Lavinsky).
As reservas globais de manganês, nas condições atuais, podem atender o consumo mundial por muitas décadas. Essas reservas estão distribuídas de forma desigual geograficamente e relativamente poucos países têm elevadas produções. As maiores reservas de manganês no mundo estão localizadas na África do Sul, na Ucrânia e no Brasil.
Reservas mundiais de manganês (metal contido) por país em 2017 (USGS)
Produção
A mineração de manganês evoluiu de métodos primitivos para tecnologias avançadas, possibilitando progressos, como o aumento na produção e a redução de resíduos químicos.
Produção mundial de manganês (metal contido) por país em 2017 (USGS)
No Brasil
A exportação brasileira de manganês somou, de janeiro a agosto de 2017, US$ 221,9 milhões, representando um acréscimo de 27,1% em relação ao mesmo período de 2016.
As principais mineradoras brasileiras de manganês, em 2016, estão listadas na tabela a seguir.
Mineradora
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UF
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Participação*
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Principais mineradoras brasileiras em 2016 (DNPM)
*Participação percentual da mineradora no valor total do manganês comercializado no país.
Produção brasileira de manganês em 2016 (DNPM)
O manganês teve destaque no superávit da balança comercial brasileira em outubro de 2018. Porém, a produção de manganês da Vale sofreu uma redução de 8,3% em relação a 2016, alcançando 2,2 milhões de toneladas de metal contido em 2017. Na Mina Azul, da Vale, em Parauapebas, PA, a redução foi de 16,4%, tendo lavrado 1,4 milhão de toneladas. Esta queda foi ocasionada pela menor quantidade do metal contido no minério produzido.
Entretanto, o potencial mineral brasileiro e a nova regulamentação da mineração estão atraindo crescentes investimentos estrangeiros. Um exemplo, é o plano de expansão no Brasil da Maxtech Ventures. Esta empresa canadense desenvolve projetos de manganês em Santana do Pirapama, em Minas Gerais, e em Brasnorte, no Mato Grosso.
Olhando para o futuro, vemos na tabela a seguir os principais estados brasileiros quanto à quantidade de títulos minerários para manganês em 2018.
Estado
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Concessões de lavras ativas
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Requerimentos de pesquisa
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Alvarás de pesquisa
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2 comentários:
O quadro referente a Requerimentos de Pesquisa não confere ao Brasil posição de destaque e tampouco possuidor de reservas significativas!
Muito bom o artigo. É esclarecedor.
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