Mineração de lítio por separação química da água salgada em Nevada, EUA
(por NASA/GSFC/METI/ERSDAC/JAROS, and U.S./Japan ASTER Science Team)
Tendências
Em 2015, o mercado das baterias foi estimulado pelo seu uso em veículos elétricos (25%), celulares e smartphones (19%) e computadores portáteis (16%). Há uma previsão de crescimento médio anual de 3,6% desse mercado nos próximos dez anos. Assim, não causa surpresa que a reciclagem dessas baterias e os impactos ambientais já tenham entrado no radar da preocupação dos ambientalistas.
Mas há quem tenha outras preocupações. O segundo maior banco australiano tem buscado acordos de financiamento com a China para aplicações em energias renováveis, como é o caso do lítio. Outros países também buscam ampliar a oferta desse metal apoiando-se no fato de que, dentre as commodities, o lítio é que teve a maior valorização este ano.
É fácil entender, já que os carros elétricos, que há uma década tinham produção insignificante, passaram a mais de meio milhão de unidades em 2016. Isto fez com que o carbonato de lítio tenha tido seu preço elevado em 26% em 2017.
Veículo com energia renovável (Wikimedia Commons)
E não são poucas as previsões favoráveis ao lítio. Os cinco principais fabricantes de baterias de lítio pretendem triplicar suas capacidades de produção até 2020. A Volvo prometeu não utilizar motores de combustão interna a partir de 2019. A França pretende não vender mais veículos a gasolina e a diesel até 2040, exemplo que pretende ser seguido pelo Reino Unido.
O lítio, juntamente com seus componentes, tem aplicação na indústria de cerâmica e vidro, em lubrificantes industriais, na área médica, na siderurgia de alumínio e em baterias.
Reservas e produção
O custo de produção do lítio é de aproximadamente US$ 30 mil a tonelada. Até 2020, seu valor total de mercado deve alcançar US$ 43 bilhões.
Reservas de lítio em 2016, sem considerar a Bolívia, cujas reservas não são informadas (fonte)
A maior produtora mundial de lítio é a Austrália.
Produção estimada de lítio em 2016, sem considerar os EUA, cuja produção não é informada (fonte)
Produção mundial de 2006 a 2015 (fonte)
Austrália e Chile têm mantido sua crescente produção destacada em relação aos demais países.
Austrália
A Austrália é a maior produtora de lítio com um polo de mineração de US$ 90 bilhões. O estado australiano Western Australia possui quatro minas de lítio em produção e mais três importantes projetos em fases bem adiantadas. A mina australiana Greenbushes, a maior em pegmatitos do mundo, já responde por 30% da produção mundial e pretende dobrar sua capacidade anual de produção.
Chile
O Chile possui mais da metade das reservas mundiais conhecidas de lítio e os menores custos de mineração. O País tem debatido a regulamentação para ampliar a produção desse metal.
Bolívia
A Bolívia tem uma reserva inexplorada de lítio, cujas estimativas variam de 9 a 34 milhões de toneladas, mantida sob rígido controle estatal. Vive o dilema de explorar, promovendo o desenvolvimento econômico do país, ou proteger o ecossistema que atrai o turismo no Salar de Uyuni, maior planície de sal do mundo.
Portugal
Portugal tem a maior reserva de lítio da Europa. Somente em 2016 foram feitos 30 novos pedidos de prospecção e pesquisa deste metal com um investimento inicial de 3,8 milhões de euros.
Argentina
A Argentina pretende se tornar potência mundial na produção de lítio aumentando sua produção para 165.000 toneladas (cerca de 45% da oferta mundial) se todos os seus projetos tiverem sucesso.
Brasil
Atualmente a Companhia Brasileira de Lítio é a principal mineradora deste metal no Brasil, sendo sua produção destinada à indústria de vidro e cerâmica. Ainda faltam, no país, investimentos em tecnologia para aplicações em baterias e medicamentos. Estima-se que em 2019 as reservas brasileiras de lítio alcançarão 8% do volume mundial e passaremos a ser o quinto país no ranking mundial.
Um trabalho da CPRM mapeou 45 ocorrências de lítio e pode contribuir para a descoberta de novos depósitos, principalmente, na região do Vale do rio Jequitinhonha (ver mapa ao final) em Minas Gerais. Confirmados os dados, as reservas brasileiras lavráveis poderão alcançar um milhão de toneladas de Li₂O contido.
Produção brasileira de lítio de 2006 a 2015 (fonte)
O Plano Nacional de Mineração 2030, do Ministério de Minas e Energia e da CPRM, estabelece que "a pesquisa de minerais estratégicos para a indústria de alta tecnologia, tais como lítio e elementos de terras-raras (ETR), são essenciais para o desenvolvimento dessa indústria no médio e no longo prazos. Para tal, a continuação do detalhamento de províncias pegmatíticas, por exemplo: Nordeste do Ceará e Leste de Minas Gerais e de intrusões alcalinas em vários estados (SC, SP, MG, BA, MS, entre outros), torna-se estratégica. Para esses casos, é importante a identificação de alvos, o desenvolvimento de recursos humanos qualificados, modelos de exploração e rotas tecnológicas."
Mapa das ocorrências de lítio em pegmatito no Brasil.
A Área Piloto (fase 1) corresponde ao Médio Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. (fonte)
Felizmente, o mapa do Brasil não está em branco e, fechada a fase 1, que venham as próximas fases.
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