A siderúrgica Bethlehem Steel Corporation, inaugurada em 1857, dedicou-se à construção naval, além da fabricação de armas e munições, e absorveu uma série de mineradoras de ferro e carvão e propriedades produtoras de aço de costa a costa dos EUA.
A Segunda Revolução Industrial teria tido, em relação à Primeira, novos protagonistas?
A liderança que a Grã-Bretanha teve na Primeira Revolução Industrial pode ser explicada por algumas das características britânicas da época: economia comercial bem desenvolvida com capital para investimento, sistema monetário uniforme e estável, sistema bancário favorável ao comércio, ausência de tarifas internas inibidoras desse comércio, extenso sistema fluvial propício ao transporte de mercadorias e, claro, os ricos depósitos de carvão e ferro.
O cenário não se manteve assim durante a Segunda Revolução Industrial, a "Era do aço e da eletricidade", que aconteceu na segunda metade do século XIX e na primeira do século XX.
A potências mundiais
A invasão da Normandia, na França, pelos aliados EUA, Grã-Bretanha e Canadá, além dos franceses livres, em 1944
(por MIckStephenson)
(por MIckStephenson)
A invasão da Normandia só foi possível pelos avanços da Primeira e da Segunda Revolução Industrial
No início do século XIX, a Europa continental experimentou um crescimento econômico com a proliferação de ferrovias e a diminuição das tarifas de transporte. Também contribuíram para isso o aumento da produção do carvão e do ferro na Bélgica e a contratação de trabalhadores britânicos qualificados pela França. Na Alemanha, a industrialização decolou somente na segunda metade do século XIX, favorecida pela sua unificação promovida por Otto von Bismarck.
É o momento de abrir um parêntese para analisar rapidamente as contribuições e consequências das duas grandes guerras mundiais que aconteceram durante a Segunda Revolução Industrial.
A primeira guerra mundial foi influenciada pela dinamite de Nobel, inicialmente destinada à mineração, e também pelo desenvolvimento de materiais utilizáveis na artilharia, especialmente na Prússia, na Alemanha, na Grã-Bretanha e na França. Entraram em cena as metralhadoras inventadas nos EUA e, além de navios a vapor, que consolidaram o predomínio naval da Grã-Bretanha e da Alemanha, surgiram os submarinos e os torpedos.
Durante a primeira guerra mundial logo surgiram nos céus aeronaves militares que, entretanto, tiveram participação marginal na época. A nova e mais decisiva tecnologia derrubou barreiras na forma de tanques de guerra, utilizados primeiramente pela Grã-Bretanha e posteriormente pela França.
Além dos navios a vapor nos mares, os trens em suas estradas de ferro permitiram que grandes exércitos com seus suprimentos e munições fossem deslocados a longas distâncias em dias, em vez de semanas.
Tiveram importância na segunda guerra mundial a eletricidade, através do telégrafo, do telefone e do rádio, assim como o motor a diesel, que tornou o submarino oceânico uma arma prática de guerra.
Agora é o momento de fechar o parêntese aberto e voltar à paz, ou quase.
Se você lembra, na década de 1820, a boa memória do empresário britânico Samuel Slater "importou" os planos de uma fábrica têxtil da Grã-Bretanha para os EUA. Foi o impulso inicial para que, neste país da América, já na década de 1850, operassem mais de mil fábricas nos setores de têxteis, de calçados e de armamentos. Nos anos 1870, abundantes reservas de ferro e carvão americanos alimentaram a produção de ferro e aço na Pensilvânia e no Alabama. A ideia de peças intercambiáveis foram aplicadas na construção de armas de fogo, relógios e máquinas de costura. Essa ideia surgiu bem antes, em 1794, quando Eli Whitney a utilizou em sua invenção, o descaroçador de algodão.
Em 1908, o americano Henry Ford produziu o "modelo T", um automóvel dirigido ao homem comum. Em 1913, Ford apresentou ao mundo a linha de montagem e passou a produzir um chassi completo de automóvel em 93 minutos (antes demorava 728 minutos). No início do século XX, a Ford Motor produziu metade dos automóveis mundiais e os EUA iniciavam sua trajetória como potência mundial.
Henry Ford em 1921 com o "Model T" (por Cea)
A eletricidade e a comunicação
A eletricidade teve, como primeira importante aplicação comercial, a comunicação à distância, inicialmente através de fios e cabos e posteriormente por ondas eletromagnéticas.
Para iniciar a conversa, o telégrafo foi patenteado pelos britânicos Sir William Cooke e Sir Charles Wheatstone em 1837. Quase simultaneamente, o americano Samuel Morse criou o código Morse, utilizado pelo telégrafo, e, em 1844, Morse concluiu a linha telegráfica comercial ligando Baltimore a Washington, nos EUA.
Inicialmente destinado ao sistema ferroviário britânico, o telégrafo ligou os continentes através de cabos transoceânicos propiciando comunicação instantânea aos principais centros políticos e comerciais.
Chave Morse usada nos telégrafos da Estação Ferroviária Gotthard, EUA, em torno de 1900 (por HP Bumeler)
No Brasil, em 1852, foi construída a primeira linha subterrânea de telégrafo, com 4 km, ligando o Palácio da Quinta da Boa Vista ao Quartel do Exercito de Santana no Rio de Janeiro. Em 1874, foi concluída a ligação telegráfica entre o Brasil e a Europa, tendo D. Pedro II transmitido mensagens aos reis de Portugal, Inglaterra e Áustria.
Nos EUA, não se pode desprezar o importante papel do telégrafo na abertura do Oeste americano, fornecendo informação rápida para a manutenção da lei e da ordem.
O próximo passo foi o telégrafo falante, ou seja, o telefone, patenteado por Alexander Graham Bell em 1876, embora existam controvérsias. O que importa é que, em 1877, foi instalada a primeira rede telefônica subterrânea na mina Caledônia, em Nova Escócia, no Canadá. Os telefones mineiros foram os primeiros aparelhos comerciais ou industriais regulares no Canadá e os mais antigos telefones elétricos em minas de carvão do mundo.
Em 1901, o italiano Guglielmo Marconi enviou os primeiros sinais de rádio através do oceano Atlântico, para espanto de alguns cientistas. Eles não acreditavam na façanha do telégrafo sem fio pois, como se sabe, nosso planeta é redondo. No entanto, as ondas longas de rádio do telégrafo sem fio de Marconi acompanharam a curvatura da Terra e conseguiram chegar ao destino.
Para que todos ficassem bem informados, em 1935, o telex, uma extensão adicional do telégrafo, difundiu-se melhorando o encaminhamento de mensagens.
Enquanto a comunicação se estabelecia, em 1882, o físico croata-esloveno Nikola Tesla entrou em ação para viabilizar a distribuição da energia elétrica.
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