Cristal hexagonal de 15 mm de molibdenita em quartzo,
Mina de Molly Hill, Quebeque, Canadá (por John Chapman)
O nome molibdênio deriva do grego molygdos, que significa chumbo e, embora o nome tenha sido mantido, o equívoco foi identificado em 1778 quando o químico farmacêutico sueco Carl Wilhelm Scheele reconheceu que o mineral molibdenita não continha chumbo e nem era grafite. Esta distinção foi providencial pois o molibdênio é essencial para quase todas as formas de vida na Terra e tem diversas e importantes aplicações.
O molibdênio é um metal durável, resistente, leve e confiável. Tem um grau relativamente baixo de expansão térmica, sendo adequado a aplicações de alta temperatura, além de possuir alta resistência à corrosão.
Aplicações
Com elevado ponto de fusão (2.163 °C), alta densidade (10,22 g/cm³), boa condutividade térmica, baixo coeficiente de expansão térmica e elevada resistência à corrosão, o molibdênio é utilizado em ligas à base de níquel resistentes a altas temperaturas e à corrosão, como agente catalisador no refino do petróleo, em eletrodos para fornos de aquecimento elétrico, em reatores nucleares, em partes de aviões e mísseis, em aços de elevada resistência, como lubrificante para altas temperaturas, na nutrição de plantas e em filamentos para componentes elétricos e eletrônicos.
Filamento de lâmpada (por Lander777)
Há poucos substitutos para o molibdênio em sua principal aplicação em aços e ferros fundidos. Devido à sua disponibilidade e à sua versatilidade, os materiais que a indústria tem desenvolvido se beneficiam de suas propriedades em ligas. Por exemplo, tem sido destacado o benefício do uso de ligas de molibdênio para aumentar a resistência de ferramentas revestidas com nitreto de alumínio e titânio. Mas há outras aplicações.
Novas baterias de lítio-ar estão chegando com maior capacidade de ciclos de uso. Isto é possível com a utilização de dissulfeto de molibdênio, que gera uma película fina que não reage à presença do ar fazendo com que a bateria tenha uma vida mais longa. Por outro lado, nas baterias de lítio-enxofre, o molibdênio pode ser usado para criar um material que ajusta a espessura do revestimento produzindo-o mais fino que a seda de uma teia de aranha. Isso melhora a estabilidade e compensa a baixa condutividade do enxofre, tornando as baterias de lítio-enxofre mais viáveis comercialmente.
Na medicina, o molibdênio é um poderoso oligoelemento antioxidante e desintoxicante do organismo. Ele possibilita a diminuição da formação de radicais livres, auxilia na fertilidade, no combate à anemia e na formação de enzimas digestivas.
A aplicação de molibdênio como nutriente na agricultura, no ciclo do cultivo, pode contribuir para um aumento de cerca de 16% na produtividade da soja e de aproximadamente 6% no teor de proteína dos grãos produzidos. Na linha de fertilizantes foliares, o molibdênio auxilia as plantas a converter o nitrogênio em amônia melhorando o seu metabolismo e resultando em melhor florescimento, frutificação e maior produtividade.
Memorístores (ou memotransístores) serão a base da computação neuromórfica, ou seja, baseada em processadores que imitam a forma de trabalho do cérebro humano. O memotransístor é construído com dissulfeto de molibdênio que, tendo atomicamente pouca espessura, é facilmente influenciado pelo campo elétrico aplicado, viabilizando múltiplas conexões e simulando assim sinapses artificiais. Nesse tipo de aplicação em processadores de uma única camada atômica, a molibdenita tem mostrado vantagens em relação ao grafeno pois, ao contrário deste, ela possui naturalmente propriedades semicondutoras. Diversos pesquisadores têm incluído o molibdênio em experimentos com nanomateriais e em materiais monocamadas.
Reservas e produção
A reserva global de molibdênio é de 17.000.000 de toneladas, o que é suficiente para suprir as necessidades mundiais previstas para o futuro. Ele ocorre como o principal sulfeto metálico em grandes depósitos de baixo teor de molibdênio pórfiro e também como sulfeto metálico associado em depósitos de cobre pórfiro de baixo grau. Outras ocorrências estão associadas aos skarnitos (Mo-W, Mo-Cu, Mo), pegmatitos e gneisses (Mo-W-Sn). A molibdenita (MoS₂) se destaca como principal fonte comercial de molibdênio.
Reservas de molibdênio em 2017 (fonte: USGS)
A produção mundial de molibdênio em 2017 foi de 290.000 toneladas.
Produção de molibdênio em 2017 (fonte: USGS)
O mercado de molibdênio deverá ultrapassar US$ 350 bilhões até o ano de 2026.
No Brasil
As reservas oficiais brasileiras são restritas a Currais Novos, RN, alcançando cerca de 168 toneladas de metal contido em reserva medida. No país, o molibdênio está associado a depósitos de tungstênio em skarnitos (RN e PB), mineralizações com urânio (MG, SC), pegmatitos (BA), granitos (SC, RS, RR) e depósitos epitermais (PA), como os depósitos de cobre de Salobo e Breves (PA).
Em 2016 foi realizado experimento com tratamento de molibdenita oriunda de atividade garimpeira de Carnaíba, BA, para obtenção de molibdênio metálico. Foi obtido um teor superior a 99% e um rendimento global de 85%.
As reservas e os experimentos ainda são insuficientes, pois o Brasil depende totalmente da importação de concentrado ustulado de molibdenita (MoO₃) que movimenta valores anuais da ordem de US$ 200 milhões.
Cristais de trióxido de molibdênio - MoO₃ (por Nidox1)
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